PET-QUÍMICA Unesp Araraquara

Arquivo para agosto, 2015

Nepetalactona, ode alegria dos felinos

Bárbara de Freitas Silva Loures

A nepetalactona (C10H14O2) é uma substância volátil e aromática que exerce diferentes funções, pertence a classe dos terpenos, sendo classificada como monoterpeno devido a presença de duas unidades de isopreno em sua estrutura, o que contabiliza um total de dez átomos de carbono. Sua estrutura química básica é formada por uma lactona (éster cíclico) de 6 membros, fundida a um ciclopentano. A nepetalactona foi descoberta no final dos anos 50, pelo pesquisador Jerry Meinwald.

Composto

Composto

Planta Nepetalactona

Planta Nepetalactona

Esta substancia é encontrada principalmente no óleo essencial da espécie de planta Nepeta cataria, popularmente conhecida como Catnip, erva-de-gato ou nepenta. Erva da mesma família que o Hortelã, nativa da Europa e da Ásia e logo foi levada para o Japão e para a América do Norte, onde se tornou comum.

  • Relação com gatos e outros felinosEu acho que vi um gatinho...

A erva-de-gato exerce um curioso poder atrativo sobre os felinos, provocando estados de euforia ou relaxamento. Este comportamento se deve justamente à volatização da nepetalactona que funciona como um feromônio, sendo percebida pelo aparelho olfativo dos felinos.

Muitos brinquedos e sprays aerosol atrativos de gatos são produzidos utilizando a planta moída ou seu óleo essencial. As ações mais comuns incluem: fungadas, lamber, mastigar, balançar a cabeça, fazer fricções com a bochecha e rolar a cabeça.

O efeito da planta dura cerca de 10 minutos, nem todos os gatos são afetados, pois a resposta é genética e autossômica dominante, o que significa que se um dos pais passa o gene, em seguida, a descendência herdará a resposta. Cerca de 70-80% dos gatos são afetados por catnip,  o 20-30% restante que não apresentam qualquer reação a ele.

Além disso, os gatos muito jovens também são afetados pela catnip, até atingirem a maturidade sexual. Os valores indicados para a idade até à qual eles não são afetados são variáveis, mas geralmente 6-8 semanas de idade é a mais citada. A Nepetalactona não afeta apenas os gatos domésticos, observou-se efeitos semelhantes em leões, tigres e leopardos.

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  • Outras aplicações

A planta Nepenta possui outros benefícios à base de plantas para a espécie humana, isso se dá a diversidade de componentes em seu óleo volátil, como: ácido acético, dipenteno, ácido nepetalico, ácido para-aminobenzóico, ácido valérico, colina, citralina, limoneno, ácido fólico, biotina, manganês, sódio, ferro, fósforo, enxofre, vitamina A, vitamina B e etc.

  1. Repelente: Nepenta óleo essencial pode ser utilizada como um repelente de insetos eficaz e as folhas desta planta repelir mosquitos, naturalmente, mais do que qualquer outro produto comercial.
  2. Sistema nervoso saudável: É popular por seu efeito relaxante sobre o sistema nervoso do corpo humano. A erva era tradicionalmente usada para aliviar problemas como estresse, depressão, ansiedade, indigestão (devido a ansiedade) e nervosismo. Muitos tomam a erva para promover o relaxamento geral e calma do sistema mental.
  3. Insônia: O chá de ervas feito com Catnip é conhecido por ser sedativo na natureza levando a uma boa noite de sono. Esta erva é, portanto, usado por aqueles que não querem ficar dependentes de substâncias químicas nocivas para resolver a insônia. De acordo com alguns especialistas médicos da Universidade de Maryland Medical Center, o chá pode ajudar as pessoas com bulimia nervosa.
  4. Enxaqueca e dores de cabeça: age como um sedativo leve.
  5. Ajuda na digestão: Outra utilização comum do Nepenta é no tratamento de problemas gastro-intestinais, devido a problemas no processo de digestão. A planta pode ser usado para tratar gases, náusea e diarreia, mesmo, de acordo com alguns. Beber uma xícara de chá catnip é frequentemente recomendada para obter alívio rápido de angústia gastro-intestinal. Catnip funciona relaxando os músculos do estômago e através da redução dos níveis de ácido no intestino.
  6. No tratamento de infecções virais e bacterianas: usado na medicina popular para tratar resfriado comum, gripe (influenza), infecções bacterianas e virais.
  7. Para crianças hiperativas: efeito calmante sobre o sistema nervoso, a erva também é usada para acalmar crianças hiperativas que são propensas a inquietação e agitação

Após tantas informações benéficas sobre a nepetalactona, vale ressaltar sobre os riscos de efeitos colaterais, overdose e outras considerações:

A erva é geralmente segura e não tem quaisquer efeitos secundários adversos. No entanto, pode conduzir a dores de cabeça e vómitos em alguns casos. A nepenta não deve ser fumado ou tomado em doses elevadas. As mulheres grávidas devem evitar esta erva, pois pode levar às contrações uterinas. Mulheres com doença inflamatória pélvica e menorragia (menstruações) também devem evitar, pois pode começar a menstruação e torná-lo pesada. Interage com medicamentos sedativos (depressores do SNC) e deve ser evitada pelo menos duas semanas antes de uma cirurgia, uma vez que pode inferir com o uso de anestesias.

Referências Bibliográficas: 

http://lasaludfamiliar.com/familia/vitaminas-artigos-215.htm

http://qnint.sbq.org.br/qni/popup_visualizarMolecula.php?id=Uk2GbjnOHNBq6RahDtM88Lo7iBmgpHchGzS5jLR1NwdjgKDG-LEB95HJt0UusHE6KCgWV8TOrHI8RVpPRZn0rw==

The Chemical Behind Catnip’s Effect on Cats

http://pt.swewe.net/word_show.htm/?243295_1&Nepenta

Origami de Grafeno

William Hiroyuki Endo

 

   Por séculos, praticantes do origami, a arte de dobradura japonesa, transformaram pedaços de papel em belas e complexas estruturas tridimensionais. Aproveitando-se desta técnica, cientistas e engenheiros vêm tentando adaptá-la em materiais bidimensionais para transformá-los em estruturas “3D”, sejam elas em macro ou micro escala.

   Pensando nisto, pesquisadores da Universidade de Cornell (EUA) realizaram pesquisas com o grafeno, um alótropo bidimensional do carbono de espessura monoatômica e perceberam que ele é muito semelhante a uma folha de papel, podendo ser dobrado e amassado como ela. Explorando esta natureza, a equipe utilizou os princípios de kirigami, uma variante do origami que inclui o corte, para criar dobradiças e molas de grafeno.

   “Foi realmente apenas curiosidade e diversão”, disse Paul McEuen, que liderou a equipe de pesquisadores. “Nós estávamos falando sobre o que fazer com um pedaço de papel atomicamente fino e a óbvia ideia de fazer esses tipos de artes de papel veio à tona.” Os pesquisadores primeiro modelaram o grafeno e, em seguida, removeram as peças não desejadas usando um plasma de oxigênio.

Grafeno pode ser usado para criar molas que mantêm a sua condutividade quando esticado. (Barra de escala de 10 microns) © McEuen Group, da Universidade de Cornell

 

   Eles descobriram que as suas criações de kirigami mantinham a sua forma. Apesar da dobradiça ter apenas um átomo de espessura ela ainda estava intacta depois de ser aberta e fechada 10.000 vezes. Do mesmo modo, a extensão da mola de grafeno não afetava as suas capacidades condutoras. As aplicações destes resultados são potencialmente vastos, a equipe afirma que a técnica pode ser utilizada, por exemplo, na produção de dispositivos eletrônicos e sensores flexíveis.

   Este é um trabalho notável que abre novos caminhos para sistemas nano-eletromecânicos e também contribui para a nossa compreensão das membranas de grafeno”, diz Jannik Meyer, da Universidade de Viena, na Áustria, que não esteve envolvido no estudo. No entanto, ele salienta a necessidade de mais pesquisa: ‘Estou ansioso para ver se esses dispositivos também podem operar fora da solução líquida, que é um próximo passo importante para a realização de seu potencial.

 

 

Referências

http://www.nature.com/articles/nature14588.epdf
http://www.rsc.org/chemistryworld/2015/07/kirigami-graphene-makes-microscale-devices-springs-hinges
http://www.compoundchem.com/2015/08/02/twic02082015/

O Sol Nosso de Cada Dia

Paulo Lopes Barsanelli


          Várias civilizações tinham o Sol como um deus, assim foi para os Incas, Maias, Astecas e os Egípcios. Todas estas eram politeístas e tinham vários outros entes da natureza adorados como deuses, tanto outro astro como a Lua, fenômenos como o trovão, quanto animais como o boi.

       Podemos não considerar o Sol como um deus, mas esta estrela é fundamental – e isto é inegável – para a manutenção da vida, seja considerando o seu papel na fotossíntese, no ciclo hidrológico ou no aquecimento da Terra. Mesmo os animais que vivem em zonas afóticas (regiões com ausência de luz encontradas a mais de 200 metros de profundidade nos oceanos ou no interior de cavernas) se extinguiriam por serem heterótrofos (carnívoros ou detritívoros) e possuírem na base da cadeia alimentar seres dependentes da luz solar.

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Figura 1: Ilustração da galáxia Via-Láctea com destaque à posição do Sistema Solar.

          A fonte de energia da Terra fica a uma distância média de 149.597.870.700 m que equivale a 1 UA (unidade astronômica), possui uma massa de 1,989×1030 kg (99,867 % de toda a massa do Sistema Solar) e um raio de 695.500 km (ou seja, cerca de 333 mil vezes mais pesada e aproximadamente 109 vezes maior que a Terra). Essa nossa fonte por sua vez, que orbita – juntamente com todo o Sistema Solar – o centro da Via-láctea com uma velocidade de 250 km/s, está posicionada atualmente a ⅔ do raio desta galáxia (o que corresponde a 27 mil anos luz) numa região conhecida como Braço de Orion (assista aqui a uma simulação desse movimento, é demais). O ano solar é completado em aproximadamente 220 milhões de anos terrestres, como a Sol foi formado há aproximadamente 4,6 bilhões de anos, Ele já completou cerca de 21 revoluções. A Figura 1 demonstra a posição do Sistema Solar na Via-Láctea.

Densidade das Camadas do Sol

Figura 2: Representação das camadas solares com suas respectivas densidades.

Mas como o Sol foi formado, qual sua composição e de onde vem tanta energia?

          A formação do Sol ainda não é um evento que possui explicação confirmada, porém existem teorias sobre. A teoria mais aceita indica que inicialmente haviam apenas uma imensa quantidade de gases – como oxigênio, nitrogênio, hidrogênio, hélio, etc. – e poeira (composta por outros elementos químicos como ferro, alumínio, etc.) no lugar do Sistema Solar que, devido a condições adequadas desconhecidas, começaram a se aglomerarem. O bloco maior formado primeiramente passou a conter mais facilmente seus gases e atingiu alta proporção sendo capaz de atrair gravitacionalmente blocos menores até a formação do Sol que conhecemos. Os blocos menores remanescentes deram origem aos planetas do sistema.

          O Sol é constituído por 7 camadas, 3 contidas em seu interior (núcleo ou zona de condução, zona de irradiação e zona de convecção) e 4 em sua atmosfera (fotosfera, cromosfera, região de transição e coroa) como ilustra a Figura 2. A densidade média do Sol é de 1,4 g/cm3, variando de 150 g/cm3 no núcleo a 2×10-15 g/cm3 na coroa.

fusão h

Figura 3: Nucleossíntese de hélio a partir de núcleos de hidrogênio.

       A energia que mantém o Sol vivo provém de seu núcleo onde ocorrem, principalmente, fusões nucleares entre átomos de hidrogênio formando átomos de hélio e segue a equação de Einstein . Caso o procedimento de geração de energia fosse simplesmente reações de combustão, o Sol não me manteria aquecido por mais de 100 anos. As altas pressão (bilhões de atm) e temperatura (cerca de 15 milhões ⁰C) encontradas no núcleo do Sol permitem tais reações nucleares. A Figura 3 esquematiza a nucleossíntese de hélio a partir de hidrogênio na qual ocorre a fusão de dois núcleos de hidrogênio formando deutério que por sua vez colide com outro núcleo de hidrogênio formando núcleo de hélio-3 liberando energia na forma de radiação gama. Dois núcleos de hélio-3 se fundem para gerarem hélio-4.

           Após a formação de hélio, este é utilizado na formação de carbono, oxigênio e neônio que por sua vez são precursores dos outros elementos até número atômico igual ao silício. O silício é então empregado na produção de todos os elementos até o ferro.

           O Sol possui a seguinte constituição: 73 % em hidrogênio, 25 % em hélio e 2 % em outros elementos. O último elemento mais abundante no sol é o ferro, isto deve-se ao fato de que este é o último elemento, em ordem crescente de número atômico, que é formado pela conversão de massa em energia. O subsequentes ao ferro são formados na direção oposta e por isso surgem apenas em eventos extremos como a formação de supernovas após a explosão de estrelas.

          A energia gerada no núcleo se propaga tal como a luz na zona de irradiação e na zona de convecção há o transporte por movimentos convectivos de parcelas de plasma que são aquecidas na interface com a zona de irradiação. Essa energia vem sendo gerada e transportada assim desde a ignição do Sol há 4,6 bilhões de anos e deve continuar por pelo menos mais 5 bilhões de anos quando esgotar-se-ão as reservas de hidrogênio.

sol convecção

Figura 4: Movimento convectivo da massa solar na zona de convecção e a representação dos pontos frios visíveis como manchas solares.

          A fotosfera é a camada visível do Sol possuindo cerca de 330 km de espessura e temperatura de aproximadamente 6 mil ⁰C. Nela é possível observar as manchas solares provenientes do movimento convectivo do plasmas abaixo desta camada que formam zonas frias (manchas solares) e quentes como ilustrado pela Figura 4.

         A cromosfera se estende por 2 mil km após a fotosfera onde se encontra sua região mais quente com cerca de 9000 ⁰C. Ela possui cor avermelhada que é visível logo antes e logo após aos eclipses solares. É na cromosfera onde ocorrem as protuberâncias solares que se originam nas proximidades nas manchas solares na devido a associações de campos magnéticos. As explosões solares que dão origem a essas protuberâncias podem interromper as comunicações a longa distância aqui na Terra quando partículas muito energéticas expelidas pela Estrela atingem e ionizam nossa atmosfera dificultando que esta continue refletindo as ondas de rádio do Sol de volta para o espaço e aquelas provenientes das emissoras de volta para a Terra.

          A coroa é a camada mais extensa do sol abrangendo praticamente todo o Sistema Solar, possui baixíssimas densidade e emissão de luz relativas, sendo possível sua visualização somente em eclipses totais.

           Para continuarmos desvendando a estrela que ilumina nossos dias e a sua influência no Sistema Solar, está previsto o lançamento da sonda Solar Orbiter pela ESA (Agência Espacial Europeia) para 2018 que deverá orbitar a 45 milhões de km dela onde a radiação solar pode atingir 13 vezes àquela registrada na Terra e a temperatura pode chegar 520 ⁰C.


REFERÊNCIAS

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/07/depois-de-plutao-6-projetos-que-devem-revolucionar-forma-como-vemos-o-espaco.html

http://astro.if.ufrgs.br/esol/esol.htm

Clique para acessar o aula6.pdf

http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html

http://mundoestranho.abril.com.br/materia/existe-algum-ser-vivo-que-consegue-sobreviver-sem-luz

http://www.ccvalg.pt/astronomia/galaxias/via_lactea.htm

http://www.apolo11.com/via_lactea.php

http://www.apolo11.com/tema_astronomia_sol.php

http://www.apolo11.com/tema_astronomia_sol_estrutura.php

https://tudosobreastronomia.wordpress.com/2010/05/14/o-sol/

http://www.quimlab.com.br/guiadoselementos/formacao_elementos.htm

http://www.suapesquisa.com/Sol

http://www.suapesquisa.com/astecas/

http://www.historiadomundo.com.br/inca/

https://jarconsian.wordpress.com/2013/09/25/horus-o-deus-Sol-do-egito/

http://www.culturabrasil.org/egito.htm