E se o que sobra do seu café pudesse ser transformado em combustível?
E se o que sobra do seu café pudesse ser transformado em combustível?
Guilherme Pires de Campos
No Brasil, como em outros países, o hábito de tomar café tem muitas vezes um caráter “ritualístico”. Uns tomam para relaxar, outros para se manter acordados e ativos, alguns para fazer uma pausa no trabalho, ente outro motivos. Como consequência disso, o Brasil consumiu cerca de 20,08 milhões de sacas de 60 kg de café no ano de 2013, o que resulta num consumo de 4,87 kg de café por habitante. Depois de feito, o que sobre do café (borra) até então era descartado por não ser mais útil.
Pesquisas recentes feitas pela USP mostram que a borra do café pode ser empregada para a produção de combustível, o qual pode produzir biodiesel suficiente para abastecer pequenas comunidades agrícolas.
A matéria prima utilizada na produção desse biodiesel são os óleos essenciais presentes na borra do café, a qual possuem de 11 a 20% de óleo. Segundo a pesquisa feita pela universidade, a partir de um quilo de borra de café é possível extrair até 100 mililitros de óleo, o que geraria cerca de 12 mililitros de biodiesel.
A produção desse biodiesel se dá pela retirada da umidade da borra de café e extração com etanol para retirar os óleos essenciais. Em seguida, o óleo extraído é colocado em contato com um catalisador alcalino, o qual é responsável pela transesterificação e se obtém o biodiesel.
De forma mais detalhada, o pó de café é filtrado com água a 90°C (processo comum de preparo do café). Em seguida, a borra é transferida para um recipiente (vidro de relógio) e colocada para secar. Tendo-se retirado toda a umidade, preparam-se soluções da borra com etanol na proporção de 1:6, sob agitação lenta e constante por 2h. Em seguida a solução é passada para um funil de vidro, onde será possível observar a formação de duas fases (borra do café + óleo extraídos no etanol).
A transesterificação pode ser feita com dois catalisadores diferentes:
– Metóxido de sódio(MeONa): apresenta melhores resultados e não permite a formação de hidroxilas no processo, as quais realizam reação de saponificação com o óleo presente no meio reacional.
– Ácido sulfúrico (H2SO4): melhor catalisador ácido pelos testes realizados na pesquisa.
Com base na discussão feita pela pesquisadora, os resultados são satisfatórios quanto a obtenção do biodiesel. E a reação de transesterificação apresenta bons rendimentos em temperatura ambiente, tornando o processo mais simples e vantajoso economicamente.
Assim, uma pequena comunidade estaria possibilitada de produzir combustível para utilização em máquinas e equipamentos, reduzindo os gastos e utilizando uma matéria prima que é descartada diariamente.
Bibliografia
file:///C:/Users/Guilherme/Downloads/Denise_Dissertacao.pdf
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