PET-QUÍMICA Unesp Araraquara

Bárbara de Freitas Silva Loures

A nepetalactona (C10H14O2) é uma substância volátil e aromática que exerce diferentes funções, pertence a classe dos terpenos, sendo classificada como monoterpeno devido a presença de duas unidades de isopreno em sua estrutura, o que contabiliza um total de dez átomos de carbono. Sua estrutura química básica é formada por uma lactona (éster cíclico) de 6 membros, fundida a um ciclopentano. A nepetalactona foi descoberta no final dos anos 50, pelo pesquisador Jerry Meinwald.

Composto

Composto

Planta Nepetalactona

Planta Nepetalactona

Esta substancia é encontrada principalmente no óleo essencial da espécie de planta Nepeta cataria, popularmente conhecida como Catnip, erva-de-gato ou nepenta. Erva da mesma família que o Hortelã, nativa da Europa e da Ásia e logo foi levada para o Japão e para a América do Norte, onde se tornou comum.

  • Relação com gatos e outros felinosEu acho que vi um gatinho...

A erva-de-gato exerce um curioso poder atrativo sobre os felinos, provocando estados de euforia ou relaxamento. Este comportamento se deve justamente à volatização da nepetalactona que funciona como um feromônio, sendo percebida pelo aparelho olfativo dos felinos.

Muitos brinquedos e sprays aerosol atrativos de gatos são produzidos utilizando a planta moída ou seu óleo essencial. As ações mais comuns incluem: fungadas, lamber, mastigar, balançar a cabeça, fazer fricções com a bochecha e rolar a cabeça.

O efeito da planta dura cerca de 10 minutos, nem todos os gatos são afetados, pois a resposta é genética e autossômica dominante, o que significa que se um dos pais passa o gene, em seguida, a descendência herdará a resposta. Cerca de 70-80% dos gatos são afetados por catnip,  o 20-30% restante que não apresentam qualquer reação a ele.

Além disso, os gatos muito jovens também são afetados pela catnip, até atingirem a maturidade sexual. Os valores indicados para a idade até à qual eles não são afetados são variáveis, mas geralmente 6-8 semanas de idade é a mais citada. A Nepetalactona não afeta apenas os gatos domésticos, observou-se efeitos semelhantes em leões, tigres e leopardos.

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  • Outras aplicações

A planta Nepenta possui outros benefícios à base de plantas para a espécie humana, isso se dá a diversidade de componentes em seu óleo volátil, como: ácido acético, dipenteno, ácido nepetalico, ácido para-aminobenzóico, ácido valérico, colina, citralina, limoneno, ácido fólico, biotina, manganês, sódio, ferro, fósforo, enxofre, vitamina A, vitamina B e etc.

  1. Repelente: Nepenta óleo essencial pode ser utilizada como um repelente de insetos eficaz e as folhas desta planta repelir mosquitos, naturalmente, mais do que qualquer outro produto comercial.
  2. Sistema nervoso saudável: É popular por seu efeito relaxante sobre o sistema nervoso do corpo humano. A erva era tradicionalmente usada para aliviar problemas como estresse, depressão, ansiedade, indigestão (devido a ansiedade) e nervosismo. Muitos tomam a erva para promover o relaxamento geral e calma do sistema mental.
  3. Insônia: O chá de ervas feito com Catnip é conhecido por ser sedativo na natureza levando a uma boa noite de sono. Esta erva é, portanto, usado por aqueles que não querem ficar dependentes de substâncias químicas nocivas para resolver a insônia. De acordo com alguns especialistas médicos da Universidade de Maryland Medical Center, o chá pode ajudar as pessoas com bulimia nervosa.
  4. Enxaqueca e dores de cabeça: age como um sedativo leve.
  5. Ajuda na digestão: Outra utilização comum do Nepenta é no tratamento de problemas gastro-intestinais, devido a problemas no processo de digestão. A planta pode ser usado para tratar gases, náusea e diarreia, mesmo, de acordo com alguns. Beber uma xícara de chá catnip é frequentemente recomendada para obter alívio rápido de angústia gastro-intestinal. Catnip funciona relaxando os músculos do estômago e através da redução dos níveis de ácido no intestino.
  6. No tratamento de infecções virais e bacterianas: usado na medicina popular para tratar resfriado comum, gripe (influenza), infecções bacterianas e virais.
  7. Para crianças hiperativas: efeito calmante sobre o sistema nervoso, a erva também é usada para acalmar crianças hiperativas que são propensas a inquietação e agitação

Após tantas informações benéficas sobre a nepetalactona, vale ressaltar sobre os riscos de efeitos colaterais, overdose e outras considerações:

A erva é geralmente segura e não tem quaisquer efeitos secundários adversos. No entanto, pode conduzir a dores de cabeça e vómitos em alguns casos. A nepenta não deve ser fumado ou tomado em doses elevadas. As mulheres grávidas devem evitar esta erva, pois pode levar às contrações uterinas. Mulheres com doença inflamatória pélvica e menorragia (menstruações) também devem evitar, pois pode começar a menstruação e torná-lo pesada. Interage com medicamentos sedativos (depressores do SNC) e deve ser evitada pelo menos duas semanas antes de uma cirurgia, uma vez que pode inferir com o uso de anestesias.

Referências Bibliográficas: 

http://lasaludfamiliar.com/familia/vitaminas-artigos-215.htm

http://qnint.sbq.org.br/qni/popup_visualizarMolecula.php?id=Uk2GbjnOHNBq6RahDtM88Lo7iBmgpHchGzS5jLR1NwdjgKDG-LEB95HJt0UusHE6KCgWV8TOrHI8RVpPRZn0rw==

The Chemical Behind Catnip’s Effect on Cats

http://pt.swewe.net/word_show.htm/?243295_1&Nepenta

Origami de Grafeno

William Hiroyuki Endo

 

   Por séculos, praticantes do origami, a arte de dobradura japonesa, transformaram pedaços de papel em belas e complexas estruturas tridimensionais. Aproveitando-se desta técnica, cientistas e engenheiros vêm tentando adaptá-la em materiais bidimensionais para transformá-los em estruturas “3D”, sejam elas em macro ou micro escala.

   Pensando nisto, pesquisadores da Universidade de Cornell (EUA) realizaram pesquisas com o grafeno, um alótropo bidimensional do carbono de espessura monoatômica e perceberam que ele é muito semelhante a uma folha de papel, podendo ser dobrado e amassado como ela. Explorando esta natureza, a equipe utilizou os princípios de kirigami, uma variante do origami que inclui o corte, para criar dobradiças e molas de grafeno.

   “Foi realmente apenas curiosidade e diversão”, disse Paul McEuen, que liderou a equipe de pesquisadores. “Nós estávamos falando sobre o que fazer com um pedaço de papel atomicamente fino e a óbvia ideia de fazer esses tipos de artes de papel veio à tona.” Os pesquisadores primeiro modelaram o grafeno e, em seguida, removeram as peças não desejadas usando um plasma de oxigênio.

Grafeno pode ser usado para criar molas que mantêm a sua condutividade quando esticado. (Barra de escala de 10 microns) © McEuen Group, da Universidade de Cornell

 

   Eles descobriram que as suas criações de kirigami mantinham a sua forma. Apesar da dobradiça ter apenas um átomo de espessura ela ainda estava intacta depois de ser aberta e fechada 10.000 vezes. Do mesmo modo, a extensão da mola de grafeno não afetava as suas capacidades condutoras. As aplicações destes resultados são potencialmente vastos, a equipe afirma que a técnica pode ser utilizada, por exemplo, na produção de dispositivos eletrônicos e sensores flexíveis.

   Este é um trabalho notável que abre novos caminhos para sistemas nano-eletromecânicos e também contribui para a nossa compreensão das membranas de grafeno”, diz Jannik Meyer, da Universidade de Viena, na Áustria, que não esteve envolvido no estudo. No entanto, ele salienta a necessidade de mais pesquisa: ‘Estou ansioso para ver se esses dispositivos também podem operar fora da solução líquida, que é um próximo passo importante para a realização de seu potencial.

 

 

Referências

http://www.nature.com/articles/nature14588.epdf
http://www.rsc.org/chemistryworld/2015/07/kirigami-graphene-makes-microscale-devices-springs-hinges
http://www.compoundchem.com/2015/08/02/twic02082015/

O Sol Nosso de Cada Dia

Paulo Lopes Barsanelli


          Várias civilizações tinham o Sol como um deus, assim foi para os Incas, Maias, Astecas e os Egípcios. Todas estas eram politeístas e tinham vários outros entes da natureza adorados como deuses, tanto outro astro como a Lua, fenômenos como o trovão, quanto animais como o boi.

       Podemos não considerar o Sol como um deus, mas esta estrela é fundamental – e isto é inegável – para a manutenção da vida, seja considerando o seu papel na fotossíntese, no ciclo hidrológico ou no aquecimento da Terra. Mesmo os animais que vivem em zonas afóticas (regiões com ausência de luz encontradas a mais de 200 metros de profundidade nos oceanos ou no interior de cavernas) se extinguiriam por serem heterótrofos (carnívoros ou detritívoros) e possuírem na base da cadeia alimentar seres dependentes da luz solar.

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Figura 1: Ilustração da galáxia Via-Láctea com destaque à posição do Sistema Solar.

          A fonte de energia da Terra fica a uma distância média de 149.597.870.700 m que equivale a 1 UA (unidade astronômica), possui uma massa de 1,989×1030 kg (99,867 % de toda a massa do Sistema Solar) e um raio de 695.500 km (ou seja, cerca de 333 mil vezes mais pesada e aproximadamente 109 vezes maior que a Terra). Essa nossa fonte por sua vez, que orbita – juntamente com todo o Sistema Solar – o centro da Via-láctea com uma velocidade de 250 km/s, está posicionada atualmente a ⅔ do raio desta galáxia (o que corresponde a 27 mil anos luz) numa região conhecida como Braço de Orion (assista aqui a uma simulação desse movimento, é demais). O ano solar é completado em aproximadamente 220 milhões de anos terrestres, como a Sol foi formado há aproximadamente 4,6 bilhões de anos, Ele já completou cerca de 21 revoluções. A Figura 1 demonstra a posição do Sistema Solar na Via-Láctea.

Densidade das Camadas do Sol

Figura 2: Representação das camadas solares com suas respectivas densidades.

Mas como o Sol foi formado, qual sua composição e de onde vem tanta energia?

          A formação do Sol ainda não é um evento que possui explicação confirmada, porém existem teorias sobre. A teoria mais aceita indica que inicialmente haviam apenas uma imensa quantidade de gases – como oxigênio, nitrogênio, hidrogênio, hélio, etc. – e poeira (composta por outros elementos químicos como ferro, alumínio, etc.) no lugar do Sistema Solar que, devido a condições adequadas desconhecidas, começaram a se aglomerarem. O bloco maior formado primeiramente passou a conter mais facilmente seus gases e atingiu alta proporção sendo capaz de atrair gravitacionalmente blocos menores até a formação do Sol que conhecemos. Os blocos menores remanescentes deram origem aos planetas do sistema.

          O Sol é constituído por 7 camadas, 3 contidas em seu interior (núcleo ou zona de condução, zona de irradiação e zona de convecção) e 4 em sua atmosfera (fotosfera, cromosfera, região de transição e coroa) como ilustra a Figura 2. A densidade média do Sol é de 1,4 g/cm3, variando de 150 g/cm3 no núcleo a 2×10-15 g/cm3 na coroa.

fusão h

Figura 3: Nucleossíntese de hélio a partir de núcleos de hidrogênio.

       A energia que mantém o Sol vivo provém de seu núcleo onde ocorrem, principalmente, fusões nucleares entre átomos de hidrogênio formando átomos de hélio e segue a equação de Einstein . Caso o procedimento de geração de energia fosse simplesmente reações de combustão, o Sol não me manteria aquecido por mais de 100 anos. As altas pressão (bilhões de atm) e temperatura (cerca de 15 milhões ⁰C) encontradas no núcleo do Sol permitem tais reações nucleares. A Figura 3 esquematiza a nucleossíntese de hélio a partir de hidrogênio na qual ocorre a fusão de dois núcleos de hidrogênio formando deutério que por sua vez colide com outro núcleo de hidrogênio formando núcleo de hélio-3 liberando energia na forma de radiação gama. Dois núcleos de hélio-3 se fundem para gerarem hélio-4.

           Após a formação de hélio, este é utilizado na formação de carbono, oxigênio e neônio que por sua vez são precursores dos outros elementos até número atômico igual ao silício. O silício é então empregado na produção de todos os elementos até o ferro.

           O Sol possui a seguinte constituição: 73 % em hidrogênio, 25 % em hélio e 2 % em outros elementos. O último elemento mais abundante no sol é o ferro, isto deve-se ao fato de que este é o último elemento, em ordem crescente de número atômico, que é formado pela conversão de massa em energia. O subsequentes ao ferro são formados na direção oposta e por isso surgem apenas em eventos extremos como a formação de supernovas após a explosão de estrelas.

          A energia gerada no núcleo se propaga tal como a luz na zona de irradiação e na zona de convecção há o transporte por movimentos convectivos de parcelas de plasma que são aquecidas na interface com a zona de irradiação. Essa energia vem sendo gerada e transportada assim desde a ignição do Sol há 4,6 bilhões de anos e deve continuar por pelo menos mais 5 bilhões de anos quando esgotar-se-ão as reservas de hidrogênio.

sol convecção

Figura 4: Movimento convectivo da massa solar na zona de convecção e a representação dos pontos frios visíveis como manchas solares.

          A fotosfera é a camada visível do Sol possuindo cerca de 330 km de espessura e temperatura de aproximadamente 6 mil ⁰C. Nela é possível observar as manchas solares provenientes do movimento convectivo do plasmas abaixo desta camada que formam zonas frias (manchas solares) e quentes como ilustrado pela Figura 4.

         A cromosfera se estende por 2 mil km após a fotosfera onde se encontra sua região mais quente com cerca de 9000 ⁰C. Ela possui cor avermelhada que é visível logo antes e logo após aos eclipses solares. É na cromosfera onde ocorrem as protuberâncias solares que se originam nas proximidades nas manchas solares na devido a associações de campos magnéticos. As explosões solares que dão origem a essas protuberâncias podem interromper as comunicações a longa distância aqui na Terra quando partículas muito energéticas expelidas pela Estrela atingem e ionizam nossa atmosfera dificultando que esta continue refletindo as ondas de rádio do Sol de volta para o espaço e aquelas provenientes das emissoras de volta para a Terra.

          A coroa é a camada mais extensa do sol abrangendo praticamente todo o Sistema Solar, possui baixíssimas densidade e emissão de luz relativas, sendo possível sua visualização somente em eclipses totais.

           Para continuarmos desvendando a estrela que ilumina nossos dias e a sua influência no Sistema Solar, está previsto o lançamento da sonda Solar Orbiter pela ESA (Agência Espacial Europeia) para 2018 que deverá orbitar a 45 milhões de km dela onde a radiação solar pode atingir 13 vezes àquela registrada na Terra e a temperatura pode chegar 520 ⁰C.


REFERÊNCIAS

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/07/depois-de-plutao-6-projetos-que-devem-revolucionar-forma-como-vemos-o-espaco.html

http://astro.if.ufrgs.br/esol/esol.htm

Clique para acessar o aula6.pdf

http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html

http://mundoestranho.abril.com.br/materia/existe-algum-ser-vivo-que-consegue-sobreviver-sem-luz

http://www.ccvalg.pt/astronomia/galaxias/via_lactea.htm

http://www.apolo11.com/via_lactea.php

http://www.apolo11.com/tema_astronomia_sol.php

http://www.apolo11.com/tema_astronomia_sol_estrutura.php

https://tudosobreastronomia.wordpress.com/2010/05/14/o-sol/

http://www.quimlab.com.br/guiadoselementos/formacao_elementos.htm

http://www.suapesquisa.com/Sol

http://www.suapesquisa.com/astecas/

http://www.historiadomundo.com.br/inca/

https://jarconsian.wordpress.com/2013/09/25/horus-o-deus-Sol-do-egito/

http://www.culturabrasil.org/egito.htm

Leonardo Vieira Albino

No dia 20 de dezembro de 2013, a 68ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o ano de 2015 como o Ano Internacional da Luz e das Tecnologias baseadas em Luz. A resolução publicada pela Assembleia Geral das Nações Unidas aponta que o ano de 2015 coincide com a comemoração de alguns marcos importantes relacionados à luz, ao longo da história da ciência, como os trabalhos em óptica de Ibn Al-Haytham em 1015, o comportamento ondulatório da luz proposto por Fresnel em 1815, a teoria eletromagnética da luz proposta por Maxwell em 1865, entre outros.

2015 também é marcado como o aniversário de 110 anos do Annus mirabilis de Albert Einstein (1879-1955) e o nascimento da Física Moderna, em 1905. Foi nesse ano que Einstein publicou cinco artigos na revista científica Annalen der Physik, e estas cinco obras contribuíram substancialmente para a fundação da física moderna e mudou opiniões sobre espaço, tempo e matéria:

Einstein

  •  (30/04/1905) Determinação de dimensões moleculares: Em sua dissertação de doutorado, Einstein usou propriedades físicas conhecidas (viscosidade, difusão) para determinar o tamanho de moléculas de açúcar em uma solução.
  • (11/05/1905) Explicação do Movimento Browniano: movimento browniano é o movimento incomum realizado por partículas dissolvidas em líquidos, que parecem “dançar” na solução sem perda de energia. A teoria de Einstein do movimento browniano é baseada na semelhança entre o comportamento de soluções e suspensões diluídas, na relação entre o coeficiente de difusão e a viscosidade, que já havia sido obtida na tese de doutoramento, e numa dedução probabilística da equação da difusão. Através desse raciocínio probabilístico, Einstein obtém a celebrada expressão do percurso de partículas no movimento browniano.
  • (30/06/1905) Teoria da Relatividade Restrita: unindo teorias de Maxwell, Planck, Newton e Galileu, as pesquisas de Einstein mostram que a velocidade relativa proposta por Galileu só é valida para velocidades de baixa intensidade. Quando trabalhamos com altas velocidades, em relação à velocidade da luz no vácuo (300 milhões de metros por segundo), a velocidade relativa não obedece às regras estipuladas por Galileu. A velocidade da luz, num determinado meio, é constante para qualquer que seja o referencial adotado.
  • (27/09/1905) Equivalência Massa-Energia: a massa de um corpo não é constante. Ela depende da velocidade do corpo. Para pequenas velocidades, o aumento de massa é desprezível, porém para velocidades altas, da ordem da velocidade da luz no vácuo, o aumento da massa é significativo. Para acelerar, ou seja, aumentar a velocidade de um corpo, a resultante das forças realiza um determinado trabalho. Esse trabalho, por sua vez fornece energia para o corpo. Como essa energia precisa se manifestar de alguma forma, isso acontece na forma de aumento de massa do corpo. Nesse caso, a massa do corpo tende a infinito, ou seja, o seu valor cresce a medida que aumenta a velocidade. Portanto, para provocar um pequeno aumento da velocidade nesse corpo, seria necessário fornecer uma quantidade tão alta de energia que torna essa elevação quase impossível de ser realizada. Massa não passa de uma grande quantidade de energia concentrada, que demonstrou na equação: E=m.c².
  • (17/03/1905) Explicação do Efeito Fotoelétrico, um dos grandes problemas da física que ninguém até aquela época entendia.

Em 1839, Alexandre Becquerel (1820-1891) percebeu que quando uma chapa metálica carregada eletricamente era exposta a um determinado feixe de luz, ela descarregava. Bem mais tarde, no ano de 1887, Heinrich Hertz (1857-1894) descreveu cuidadosamente o fenômeno (que chamou de Efeito Hertz) e percebeu que:

1 – Há uma frequência mínima que abaixo dela não há emissão de nenhum elétron.

2 – O numero de elétrons emitido é proporcional à intensidade da radiação incidente (quantidade de luz), e independente da frequência (desde seja maior que a frequência mínima).

3 – A energia cinética (velocidade) dos elétrons emitidos é proporcional à frequência e independente da intensidade da radiação incidente.

4 – A emissão ocorria instantaneamente após a incidência da radiação.

Isso ia contra as abordagens da física clássica:

1 – Uma radiação de qualquer frequência poderia provocar esse efeito, desde que tivesse tempo suficiente para a chapa acumular energia.

2 – Se a intensidade da luz aumentar esperava-se que a velocidade dos elétrons aumentasse.

3 – A chapa precisa de tempo para absorver energia e liberar os elétrons.

Utilizando o conceito de quantização de energia (quântica), Einstein concluiu que toda radiação eletromagnética era composta por pacotes de energia (quantum) chamados fótons, a partícula da luz. Cada fóton interage com um elétron da chapa metálica. Assim a luz que possui uma intensidade maior, possui mais fótons e ejeta mais elétrons. A frequência está relacionada com a energia do fóton, assim, um fóton mais energético (maior frequência) aumentará a energia cinética do elétron ejetado. Isso foi condensado na Relação de Planck.

Relação de Planck ou Lei Fotoeletrônica (1905), por Albert Einstein:

relação de planck

E = energia do fóton (J);

v = frequência (Hz);

h = Constante de Planck (6,6260693.10-34 J.s);

n = constante múltipla (1, 2, 3, 4, …)

A partir dessa lei, é possível determinar a energia de uma onda pela sua frequência ou comprimento de onda. Para n=1, temos:

comprime

Percebe-se que comprimentos de onda menores são ondas extremamente energéticas. Por isso o raio-X e o raio gama são tão perigosos em extrema quantidade. Pois possuem energia alta que podem comprometer o funcionamento de células. O conceito foi tão importante que Einstein ganhou o Prêmio Nobel de Física de 1921 por “seus trabalhos em Física Teórica e, em especial, sobre a explicação do efeito fotoelétrico”.

Assim a luz é considerada uma onda eletromagnética e uma partícula de quantum de energia chamada fóton, uma dualidade partícula-onda que depende dos instrumentos utilizados na sua medida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GOVONE, Osvaldo Antonio (2002). Física Moderna – Curitiba: Nova Didática.

ATKINS, Peter; JONES, Loretta. Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente. 5. ed.; tradução técnica: Ricardo Bicca de Alencastro. Porto Alegre: Bookman, 2012.

PEIXOTO, Eduardo. Teoria Quântica. 2. ed.; São Paulo: Universidade de São Paulo, Instituto de Química, 1988.

BUNGE, Annik. Introdução a Química Quântica. 4. ed.; São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda., 1977.

EISBERG, Robert RESNICK, Robert. Física Quântica – Átomos, Moléculas, Sólidos, Núcleos e Partículas. Tradução de Paulo Costa Ribeiro, Ênio Costa da Silveira e Marta Feijó Barroso. Rio de Janeiro: Campus, 1979.

A Emergência da Vida

Jonatas Erick Maimoni Campanella

   Desde os tempos primórdios, somos rodeados por grandes perguntas, tais como “Quem somos?”, “De onde viemos?”, “Para onde vamos?”, questões muitas vezes levantadas pela biologia através dos séculos. Hoje está claro que tudo surgiu a partir do Big Bang. Mas, quando pensamos na grande “explosão” (que não foi uma explosão de fato, mas deixaremos isso para outra oportunidade) sempre pensamos em algo caótico, em um alto grau de desordem.

   Todavia, temos a formação de grandes galáxias, planetas altamente organizados, e quando explode uma estrela, surge uma supernova e de todo esse caos, surge certa ordem. Os átomos do nosso corpo são os mesmos encontrados no universo. Afinal, somos todos “poeiras das estrelas. Isso é muito interessante, pois a segunda lei da termodinâmica diz que a entropia é sempre crescente para processos espontâneos, que a desordem tem que aumentar. Ainda assim, podemos observar ordem emergindo, nossas células já são exemplos disso. E é isso que chamamos de emergência. Veja bem, caro leitor,  isso não significa numa quebra da segunda lei, apenas uma observação de que nem sempre aumento de entropia implica em um sistema altamente desorganizado.

   Toda vez que complexidade e ordem surgem espontaneamente a partir de um grande numero de interações simples, chamamos de emergência. Grãos de areia no deserto se chocam um no outro pelo vento, obedecendo as leis básicas da física clássica, e formam grandes dunas, com seus padrões e desenhos. Cardumes de peixes formam grandes figuras no mar. O mesmo pode ser observado para aves e morcegos. Ficar juntos, mas não tanto, procurar alimento e evitar predadores. (Figura 1).  Regras simples capazes de formar organizações complexas. É dessa forma que muitos cientistas acreditam que a vida surgiu na terra. Que a emergência poderia, pelo menos, ter criado os primeiros ingredientes essenciais para a vida.

Figura 1

Figura 1 . Exemplos de Emergência na natureza.

   No passado, as constantes tempestades e o alto número de compostos solubilizados na água que condensava da atmosfera, possibilitou o surgimento de compostos anfifílicos capazes de se organizar em micelas, acredita-se que esses compostos expunham sua região hidrofílica para fora, interagindo com a água e deixavam sua parte hidrofóbica para dentro, protegido da água. Com o passar do tempo, essas micelas passaram a ser formadas por bicamadas, chamadas de lipossomos, possibilitando o surgimento de verdadeiros arsenais de reações químicas (Figura 2). É importante deixar claro, que não foi o DNA, nem as proteínas que provavelmente surgiram primeiro, mas sim, a bicamada lipídica, pois foi com o surgimento dela que se possibilitou o ambiente ideal para o surgimento da vida.

Figura 2

Figura 2. Esquema de um lipossomo (membrana primitiva) e o modelo do mosaico fluido encontrado em membranas plasmáticas modernas.

   Stanley Miller e seu orientador Harold C. Urey, em 1953, realizaram um experimento muito inteligente que provou que a vida não surgiu por meio de um milagre, que a química e a física poderiam explicar o seu surgimento na atmosfera primitiva. O famoso experimento era constituído de um balão contendo gases comuns, como metano, amônia, gás carbônico e vapor d’agua excitados por faíscas, seguidos de uma condensação. A análise do material condensado surpreendeu a comunidade científica da época, pois continha aminoácidos e ingredientes precursores de lipídeos, açúcares e nucleotídeos (figura 3).

figura 3

Figura 3. O experimento de Stanley Miller; Retirado do livro “The Emergence of Life: From Chemical to Synthetic Biology” de Pier Luigi Luisi.

   Com tudo isso presente na água dos oceanos, cada vez mais essas pequenas micelas foram tornando-se mais complexas. Acreditam-se que as primeiras formas de vida, surgiram ao envolver moléculas presentes no meio de tal forma que elas encontravam no interior da micela, condições de pH e salinidade ideais para interagir, dando inicio ao material genético. Segundo Pier Luigi Luisi, professor de Química Macromolecular da Universidade de Zurique, Suíça, primeiramente teria surgido o RNA, que possibilitou o surgimento do ribossomo e a união dos dois deu origem a enzimas proteicas capazes de sintetizar moléculas de DNA, processo semelhante a uma transcriptase reversa presente em retrovírus.

   Com o surgimento dessas enzimas, foi possível sintetizar mais DNA, duplicando usando a dupla fita como molde e essa passou a ser a macromolécula mais importante dos seres vivos, pois ela era capaz de passar informação e a forma como essa informação era lida, foi o que Francis Crick chamou de “Dogma Central da Biologia Moderna”, a forma com que o DNA faz proteínas.

   Sabe-se que essa sequencia de fatores específicos como a leitura e o armazenamento da informação do gene em uma molécula de RNA mensageiro, a consequente tradução do mesmo por moléculas de ribossomos presentes do citosol e a origem de proteínas pela condensação de aminoácidos por ligações peptídicas caracteriza todo um processo que pode ser observado em todas as células, várias vezes ao dia, em todos os organismos do planeta Terra. Por isso, podemos considerar que esse processo foi a otimização da emergência, pois a partir de agora, o que iria definir a sobrevivência de um organismo ou não é a seleção natural (mas por hora ficaremos apenas na emergência da vida, a forma como ela foi tornando mais complexa e as contribuições de Darwin para a ciência deixaremos para o próximo texto).

Figura 4

Para saber mais sobre o assunto, visto que, esse é apenas um texto introdutório, sugiro a leitura do livro: “The Emergence of Life: From Chemical to Synthetic Biology” de Pier Luigi Luisi. 

Referências:

 

REDA, Daniel. Fundamentos de Biotecnologia – parte 1.

Acesso em: 15/04/2013

(http://www.youtube.com/watch?v=vUex0mGuv-s&feature=related)

 

LUISI, P. L. The Emergence of Life; From Chemical Origin to Sybtetic Biology. Cambridge University Press. 2006.

Há vida no Mar Morto

Deborah Vilhagra Faria

Quando falamos em Mar Morto, o primeiro pensamento que nos vem é que não há nenhuma forma de vida presente nesse ambiente. Mas será que isso é verdade mesmo?

mar morto1O Mar Morto se localiza na divisa de Israel com a Jordânia e está a 396 metros abaixo do nível do mar, depressão mais profunda da Terra. A lama presente em torno desse mar, na verdade um lago, tem propriedades terapêuticas e é utilizada para diversos tratamentos, desde artrite, dores musculares e o estresse como também para tratamentos de pele, sendo muito explorada pela indústria de cosméticos. Suas águas possuem um nível de salinidade altíssimo faz com que sua densidade seja maior do que a do corpo humano, levando seus turistas a flutuarem sobre as águas. Para efeito de comparação, os oceanos, em geral, possuem em média a concentração salina de 35 g/L sendo que 80% é composto por Cloreto de Sódio (NaCl) e os 20% restantes por Sulfato de Cálcio (CaSO4), Sulfato de Magnésio (MgSO4) e Cloreto de Magnésio (MgCl2). Por sua vez, o Mar Morto, possui concentração salina de 340 g/L, cerca de 10 vezes mais! Sua composição mineral é: 67% de cloro, 17% de magnésio, 10% de sódio e 0,2% de enxofre, sendo este último o responsável pelo forte odor.

A essas condições, não é possível encontrar nenhuma espécie de vida, pois por causa da alta concentração de sais, o efeito da osmose faz com que os organismos expostos sejam extremamente desidratados, visto que o meio externo é mais concentrado que o meio interno. Porém um mar morto2microrganismo em particular consegue suportar esse ambiente: a bactéria Haloarcula marismortui. Esse microrganismo, além de suportar condições extremas, também possui uma rota metabólica diferente dos demais, que utilizam o ciclo do glioxilato e a via da etilmalonil-CoA como rota para, a partir de acetil-CoA, transformar compostos necessários para a produção de glicose, fonte de energia. A H. marismortui utiliza o ciclo do metil-aspartato, sendo que essa via metabólica é mais extensa e oferece vantagens para que ela sobreviva à salinidade extrema, pois um dos intermediários do ciclo atua limitando os efeitos da osmose.

Portanto, o estudo desses tipos de microrganismos tem uma grande importância, pois através do uso de bactérias que sobrevivem a condições extremas é possível desenvolver diversas aplicações em benefício da sociedade, sendo uma delas o tratamento biológico de efluentes.

 

 

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Fauller Henrique da Fonseca

Todo mundo já ouviu falar de cristais, mas nem todos sabem qual a definição científica dessa palavra. Segundo a antiga definição da cristalografia, cristal é uma substância na qual os átomos, moléculas ou íons que a compõe estão “empacotados” em um padrão regularmente ordenado e de repetição tridimensional. Porém, em 1992, essa definição passou por uma alteração devido a uma descoberta realizada por Dan Shechtman em 1982, os quasicristais. Trata-se de materiais que, como os cristais, também são formados por arranjos ordenados de átomos, que possuem um padrão, porém com a diferença de que esse padrão não segue uma ordem de repetição periódica.

Nessa época, Shechtman trabalhava como professor-assistente no Instituto Tecnológico Technion, em Israel. Numa manhã, enquanto observava uma liga de manganês e alumínio ao microscópio eletrônico, Shechtman obteve um padrão de difração que indicava um índice de simetria rotacional de ordem 10 (36˚). O resultado surpreendeu-o, pois até então admitia-se que cristais só poderiam apresentar simetrias de rotação de ordens 1, 2, 3, 4 ou 6 (ângulos de 360˚, 180˚, 120˚, 90˚ e 60˚, respectivamente). Shechtman sabia que outros pesquisadores já haviam obtido resultados parecidos com o dele, mas a maioria deles acabava por abandonar o trabalho devido ao paradigma já estabelecido. Porém Shechtman seguiu adiante com suas pesquisas. Na década de 1990, foram criados diversos grupos para estudar estes novos materiais.

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(a) Padrão de difração* obtido por Daniel Shechtman. (b) Sobre o padrão de difração, estão assinalados os círculos concêntricos contendo 10 pontos cada um e figuras com simetria de ordem 5. A razão entre os raios dos círculos adjacentes é de aproximadamente 1,6. *foto obtida no sítio da Fundação Nobel: http://www.nobelprize.org/nobelprizes/chemistry/laureates/2011/infopubleng2011.pdf

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Caderno de anotações de Daniel Shechtman mostra pontos de interrogação ao lado dos dados: o próprio cientista se surpreendeu com os resultados (Foto: Reprodução)

Continuou-se o trabalho durante dois anos e, com o apoio do professor Ilan Blech, publicou o primeiro artigo sobre sua descoberta na revista “Physical Review Letter”. Com a aprovação de Shechtman, os físicos Dov Levine e Paul Steinhardt publicaram também um artigo, no qual o termo “quasicristais” foi utilizado pela primeira vez, visto que o conceito de cristalinidade era insuficiente para explicar a essência destes materiais. Como previsto, alguns membros da comunidade científica não se convenceram do trabalho de Shechtman, entre eles Linus Pauling, que chegou até mesmo a escrever uma carta para a revista “Nature”, dizendo não acreditar nos resultados obtidos por Shechtman. Após a morte de Pauling, em 1994, os quasicristais foram sendo mais reconhecidos, já que a comunidade científica passou a levar mais em conta os feitos de Shechtman. Na década de 1990, foram criados diversos grupos para estudar esses novos materiais.

Enfim, em 1992, a União Internacional de Cristalografia alterou a concepção de cristais, que passou a ser a seguinte “qualquer sólido que tenha um diagrama de difração essencialmente discreto”. Esta definição, além de incorporar os quasicristais, abre espaço para novos tipos de materiais que possam ser descobertos. Os estudos de Dan Shechtman lhe renderam o prêmio Wolf, no ano de 1999, e o Nobel de Química, no ano de 2011.

Aplicações

Desde que os quasicristais foram descobertos, muito se estudou sobre eles e, inclusive, sintetizou-se vários deles em laboratório. Uma empresa sueca criou um aço inoxidável muito resistente, que vem sendo utilizado em lâminas e agulhas cirúrgicas. Alguns quasicristais vêm sendo utilizados como isolantes térmicos, antiaderentes e em materiais termoelétricos.

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Algumas das aplicações dos quasicristais, atualmente. Fonte: g1.com.br

 

Referências

Bianca Luany da Cunha

Quem nunca viu servirem nos restaurantes e bares, como também nas próprias residências, feijoada acompanhada com laranja? Quem diria, então, que esta combinação além de deliciosa é extremamente nutritiva e benéfica para o organismo humano?feijao2

O feijão, um dos ingredientes que compõe esse prato, é altamente rico em ferro, uma espécie química de suma importância para o organismo humano, porque auxilia no transporte de oxigênio no sangue (estando presente na hemoglobina), na síntese do DNA e no metabolismo energético. O ferro também é componente da mioglobina atuando, assim, como fixador de oxigênio nas fibras musculares cardíacas e músculos esqueléticos.

A vitamina C, ácido ascórbico, é o componente majoritário na laranja, e apresenta funções essenciais para a manutenção da saúde, aumentando a resistência a infecções (trabalhando no sistema imunológico), prevenindo o envelhecimento, por ser um antioxidante, e auxiliando na absorção de ferro pelo organismo.

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Ácido ascórbico

O ferro presente no feijão é chamado de não-heme[1], não sendo facilmente absorvido pelo corpo comparado ao ferro heme[2]. Quando ingerido pelo organismo, junto com o ácido ascórbico, ocorre a potencialização da absorção, pois a vitamina mantém o ferro no estado ferroso e forma o quelato ferro-ascorbato, que é mais solúvel, permitindo o intestino delgado assimilá-lo, sendo que a presença do ácido duplica a quantidade de ferro não-heme normalmente absorvida pelo corpo. Este fato é extremamente importante, uma vez que a falta de ferro causa anemia ferropriva, uma das principais deficiências originadoras de doenças infantis.

Então, fazer uma refeição, onde estão presentes feijão acompanhado com laranja tanto na forma de fruta como em suco, além de aguçar o paladar, enriquece a dieta ao promover o aumento de ferro adquirido pelo organismo, beneficiando a saúde em diversos aspectos ao evitar doenças.

 

[1] sais de ferro com valência 2+ (ferroso); presente em carne vermelha, cereais e outros vegetais.

[2] sais de ferro com valência 3+ (férrico); presente em alimentos de origem animal.

 

 Referências:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-20612008000200026

http://www.rgnutri.com.br/alimentos/minerais/ferro.php

http://www.nutricaoclinica.com.br/nutricao-clinica-vitaminas/vitamina-c-revisao-da-aplicacao-clinica

                                                                                                        

Por Gabriela H. Arakaki

bem-estar1Para aqueles acomodados no sedentarismo, é difícil mudar hábitos e realizar algum exercício físico. Embora todos saibam que praticar atividade física é importante para o organismo, uma vez que, ela regula a pressão sanguínea, melhora a resistência, aumenta a autoestima. Além disso, diminui o estresse e provoca uma sensação de bem-estar devido às substâncias liberadas no corpo durante a atividade: a endorfina, a serotonina, a dopamina e a noradrenalina.

Essas substâncias são neurotransmissores produzidos pelo sistema nervoso central e liberados na corrente sanguínea que melhora a comunicação entre os neurônios, provocando a sensação de relaxamento e bem-estar do indivíduo.

A endorfina (endo = interno; morfina = analgésico) é um neuro-hormônio produzido pela glândula hipófise. Existem vários tipos de endorfina, a beta-endorfina é a mais eficiente, pois ela proporciona o sentimento de euforia. Considerada um analgésico natural responsável pela diminuição do desconforto da dor.

A serotonina é produzida no tronco encefálico e é a responsável pela regulação do sono, controle da temperatura corporal e do apetite, porém em baixas concentrações no organismo pode ocasionar a depressão e aumentar a ansiedade. Por isso, é comum a vontade incontrolável de comer carboidratos e doces, os quais aumentam a produção dessa substância.

bem-estar2A dopamina é um neurotransmissor monoaminérgico, substâncias bioquímicas derivadas de aminoácidos pelo processo de descarbonização, sendo responsável por funções como atenção, concentração, memória, prazer, movimentos. A falta de dopamina pode causar transtornos neuropsiquiátricos como o Mal de Parkinson.

A noradrenalina é uma monoamina liberada pelas glândulas suprarrenais que influencia no humor, ansiedade, sono, alimentação e mantem a pressão sanguínea em níveis normais.

Outro benefício da prática de atividade física é a diminuição do nível de cortisol no organismo. O cortisol é um hormônio que em excesso causa raiva, medo, estresse, diminui a velocidade da utilização da insulina, a qual atrapalha no transporte da glicose para as células musculares, evitando a reserva de glicogênio muscular, e, além disso, causa a morte neural.

Apesar de ser difícil incluir a atividade física na rotina, uma vez iniciada essa prática, o bem-estar passa a ser maior que a preguiça.

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Referências Bibliográfias

  1. http://www2.uol.com.br/vyaestelar/atividade_fisica_antidepressivos.htm
  2. http://revistavivasaude.uol.com.br/saude-nutricao/98/artigo215712-1.asp/
  3. http://maisequilibrio.com.br/bem-estar/serotonina-e-endorfina-substancias-do-bemestar-7-1-6-318.html

Anistia às Anestesias

Paulo Lopes Barsanelli

Nós todos tememos a tão comentada anestesia, alguns a temem mais que o próprio procedimento cirúrgico que a procede. Mas se olharmos para o passado, veremos que o que deveríamos realmente temer é a sua ausência ou os métodos anestésicos que antecederam os atuais, as hodiernamente injustiçadas seringas.

O desconhecimento de métodos analgésicos (que inibem a sensação de dor) pressionavam os médicos a agirem com extrema agilidade sobre os pacientes, que eram devidamente imobilizados, para que a extrema dor não perdurasse. Agrega-se nesta situação o fato de que as cirurgias se limitavam a pequenas operações superficiais e amputações de membros, um procedimento mais complicado era sinônimo de morte. A evolução do enfermo pós-operado era geralmente entregue à “vontade divina”. Os primeiros hospitais possuíam as famosas cúpulas que se encontravam isoladas no topo de seus prédios, onde os gritos provindos da cirurgia se limitavam.

O termo “anestesia” (do grego an, privado de + aísthesis, sensação) foi sugerido pelo médico e poeta norte-americano Oliver Wendel Holmes (1841-1935), porém já foi empregado pelo médico e cirurgião militar grego Dioscórides (40-90) no século I d.C. com o sentido de insensibilidade dolorosa. Atualmente o termo que define esta área na medicina é “anestesiologia” e foi criado em 1902.

Os primeiros métodos analgésicos consistiam:

  • na compressão da carótida (artéria que leva sangue ao cérebro) do paciente, pelos assírios por volta de 1000 a.C., até que ele ficasse inconsciente;
  • na mastigação de folhas de coca utilizada pelos Incas na América do Sul;
  • na milenar acupuntura da China;
  • na esponja saporífera, utilizada pelo médico grego Hipócrates (460 a.C. – 377 a.C.) no século IV a.C. (composta por ópio, sucos de meimendro, amoras amargas, eufórbia, mandrágora e hera, sementes de alface, bardana e cicuta que eram misturados num recipiente de cobre contendo uma esponja e então a mistura era submetida à fervura até evaporação total), que era posicionada sob as narinas dos pacientes que adormeciam e eram despertados depois com outra esponja embebida em vinagre;
  • na concussão cerebral, utilizada na Europa medieval, a qual uma tigela de madeira era posicionada sobre a cabeça do paciente e em seguida era golpeada evitando forte impacto no crânio, mas levando a “vítima” à inconsciência;
  • no congelamento por gelo ou neve das partes do corpo a serem operadas, utilizadas no século XVI;
  • na hipnose por meio do “magnetismo animal” utilizado pelo médico austríaco Friedrich Mesmer (1733-1815) no século XVIII;
  • na embriaguez por bebidas alcoólicas (principalmente vinho);
  • e no emprego de magias e orações sobretudo durante a Idade Média.

O início de um grande passo para a mudança e melhoria na história das anestesias foi dado pelo químico inglês, Joseph Priestley (1733-1804), ao descobrir o óxido nitroso (N2O) em 1773, mas que não viu aí nenhuma utilização como anestésico. Priestley também isolou o gás oxigênio que chamou de ar desflogisticado baseado na teoria do flogístico (criada pelo cientista alemão Georg Ernst Stahl (1660-1734) que dizia que a combustão ocorria com certos materiais porque estes possuíam um “elemento” ou um princípio comum inflamável que era liberado no momento da queima).

O inglês Humprhy Davy (1778-1829), então aprendiz de farmácia, dá, em 1800, sua contribuição neste grande passo ao estudar os efeitos do óxido nitroso. Davy inalou o gás e experimentou de uma sensação de relaxamento e vontade involuntária de sorrir (este é o famoso “gás hilariante”, batizado por ele). Certa vez em que estava com dor de dente percebeu que ao inalar tal gás, a sensação de dor fora interrompida. Deduziu então que o óxido nitroso poderia ser indicado para inibir outras fontes de dores e sugeriu em uma de suas publicações intitulada de “Vapores Medicinais”, seu uso em cirurgias.

Michael Faraday (1791-1867), físico inglês, descreveu, em 1818, as propriedades analgésicas do éter etílico (ou éter sulfúrico: CH3CH2OCH2CH3) como sendo semelhantes às do óxido nitroso.

Em 1823, o médico e cirurgião inglês, Henry Hill Hickman (1800-1830) defendia que a via inalatória era caminho certo para obter a anestesia em procedimentos cirúrgicos. Hickman testava em cães a ação anestésica do gás carbônico e observava que os animais não apresentavam sinais de dores em pequenas operações às quais eram submetidos. A Royal Society e a Associação Médica de Londres não o autorizaram para que continuasse suas experiências em seres humanos. Hickman chegou perto de ser o grande descobridor da anestesia cirúrgica, talvez o fosse se tivesse feito uso de gases como o éter etílico ou mesmo o óxido nitroso.

No entanto, estes dois últimos gases ganharam notoriedade não na área da medicina, mas na do entretenimento, na qual eram utilizados em exibições circenses, festas e outros eventos públicos, onde os expectadores eram convidados a subirem ao palco e inalarem o gás para que experimentassem de seus efeitos que os induziam a rirem e dançarem para a alegria de todos os presentes.

Crawford W. Long à direita da foto, simula uma intervenção cirúrgica sob anestesia pelo éter.

Crawford W. Long à direita da foto, simula uma intervenção cirúrgica sob anestesia pelo éter.

Tais eventos (conhecidos então como festas do gás do riso) chegaram, em 1841, à pequena cidade de Jefferson (Atlanta, EUA) de 500 habitantes, onde o recém-formado em medicina pela Universidade da Pensilvânia (Filadélfia, EUA), Crawford Williamson Long, então com 26 anos, enxergou em toda essa diversão outra finalidade para a utilização desses gases. Utilizando do éter etílico ele descreveu: “Inalei inúmeras vezes o éter por causa de suas propriedades inebriantes e observei no meu corpo contusões e equimoses arroxeadas, provindas de quedas involuntárias durante as inalações da droga e notei que meus amigos debatiam-se tão fortemente que deveriam sentir alguma dor, mas que, inquiridos depois, responderam-me que nada haviam sentido”. Long deduziu então que a inalação do vapor do éter etílico poderia lhe trazer o mesmo resultado durante operações cirúrgicas.

No dia 30 de março de 1842 veio-lhe tal constatação quando, diante várias testemunhas, Long extirpou dois pequenos tumores da região superior do pescoço de seu paciente (um amigo, o estudante James M. Venable). Este procedimento ocorreu após Long usar do éter como anestésico geral colocando um lenço embebido deste sob o nariz de Venable até que ele gradualmente adormecesse e confirmando sua insensibilidade cutânea com uma agulha. Após recobrar a consciência, seu amigo não acreditou até que lhe fosse mostrado o cisto extraído.

Infelizmente, como outros pioneiros da ciência, Long sofreu interferência de religiosos radicais e também dos habitantes de Jefferson que acreditavam que seu novo método acabaria por matar algum de seus pacientes e então desistiu de aplicar em seus pacientes a promissora novidade. Entretanto, não deixou de crer em sua descoberta e administrou o éter como analgésico obstétrico à sua esposa no parto de seu segundo filho (em 1845) e nos posteriores.

Outra infelicidade que acometeu Long foi o fato de não ter publicado nada sobre sua descoberta, nada que provasse seu pioneirismo na anestesia geral.

Representação de uma das extrações dentárias realizada por Horace Wells.

Representação de uma das extrações dentárias realizada por Horace Wells.

Perto de se consolidar este grande passo da medicina que é a descoberta da anestesia, surge na história, Horace Wells (1815-1848), dentista na cidade de Hartford, que assim como Long, descobriu as propriedades do óxido nitroso através de uma apresentação pública. Então em 11 de dezembro de 1844, Wells, teve um de seus próprios dentes extraídos por um amigo após ter inalado o gás. Na ocasião não sentiu nenhuma dor.

Após realizar 10 outras indolores extrações dentárias em seus clientes, Wells contata um ex-aluno seu, William Thomas Green Morton (1819-1868), então estudante na Faculdade de Medicina de Harvard em Boston, e dirigiu-se até ele. E no Massachusetts General Hospital, diante de seu ex-aluno, professores e outros estudantes, Wells fracassa (talvez por administrar dose insuficiente do anestésico) ao tentar extrair sem dor, um dente de um estudante que se voluntariou. Após os gritos de dor do estudante, o dentista foi expulso como impostor.

De volta à sua cidade, continuou a utilizar de seu método, porém, após um paciente sofrer de parada respiratória e quase morrer, Wells decidiu abandonar a odontologia. Em 1847, publicou “A História da Descoberta da Aplicação do Óxido Nitroso, do Éter e de outros Gases em Cirurgia”, viciou-se em clorofórmio e em 1848 suicidou-se.

Em 1846, o primeiro grande passo na história da anestesia a caminho de como a conhecemos hoje foi concluído, justamente, pelo ex-aluno de Horace Wells, William Thomas Green Morton, e ironicamente no mesmo palco em que este último fracassara, no anfiteatro Bullfinch do Massachusetts General Hospital.

Morton, em seu segundo ano de medicina, insistiu nos estudos de Horace Wells e com a recomendação de seu ex-professor de química, o médico americano Charles Thomas Jackson (1805-1880), substituiu o óxido nitroso pelo éter. Realizou vários testes em cães e por último, em 30 de setembro de 1846, extraiu sem dor um dente de um comerciante da cidade de Boston.

Quadro do pintor Roberto Hinckleu, de 1882, reproduzindo a cena da operação realizada com anestesia geral pelo éter em 16/10/1846.

Quadro do pintor Roberto Hinckleu, de 1882, reproduzindo a cena da operação realizada com anestesia geral pelo éter em 16/10/1846.

Então no dia 16 de outubro de 1846, o cirurgião Dr. John Collins Warren (1778-1856) juntamente com o paciente Edward Gilbert Abott (um jovem impressor), portador de um tumor vascular no lado esquerdo do pescoço aguardavam a chegada de Morton que apareceu com um inalador de sua invenção que consistia num globo de vidro que continha o líquido volátil, anexado a uma cânula que direcionava os vapores à boca do paciente. Morton denominava seu anestésico de “Letheon” (do grego lethe, rio do esquecimento), que revelou pouco depois ser o já conhecido éter etílico. O paciente ficou inconsciente poucos minutos após sua aspiração e, seu tumor foi extirpado, a hemostasia (contenção de hemorragia) realizada e nenhum sinal de dor foi demonstrado. O fato de não necessitar de imobilização do paciente em semelhante procedimento cirúrgico foi surpreendente e após tal sucesso, Dr. Warren voltou-se à audiência estonteada e disse a seguinte frase “Cavalheiros, isto não é uma fraude.”.

Tal feito foi comunicado à Revista de Medicina e Cirurgia de Boston em 11 de novembro de 1846, e assim a notícia chegou à Inglaterra, a seguir à França e depois ao resto da Europa.

No Brasil, a primeira anestesia geral pelo éter foi realizada pelo Dr. Roberto Jorge Haddock Lobo (1817-1869), nascido em Portugal, em um estudante da Escola de Medicina do Rio de Janeiro, Francisco d’Assis Paes Leme, com intenção apenas experimental, em 25 de maio de 1847 no Hospital Militar do Rio de Janeiro.

Ao óxido nitroso e ao éter seguiu-se o clorofórmio, utilizado pela primeira vez em 1847, no trabalho de parto, pelo médico escocês James Young Simpson (1811-1870). Em 1930 foi introduzido o ciclopropano e em 1956, o halotano.

Apesar de que nessa época já eram conhecidos relatos de injeção de drogas e sangue por via venosa em animais, a agulha oca foi inventada somente em 1844 pelo médico irlandês Francis Rynd (1811-1861). Em 1853, o médico francês Charles Pravaz (1791-1853) desenvolveu a primeira seringa de metal e no mesmo ano, outro médico, o escocês Alexander Wood (1817-1884), realizou a primeira injeção intravenosa (de morfina) em um paciente.

A base das drogas anestésicas usadas hoje em dia partiu do hexobarbital (derivado do ácido barbitúrico) que foi introduzido em 1903 e principalmente do tiopental utilizado em 1934 que foi quem popularizou a indução anestésica intravenosa. Sucederam e sobrepuseram estas duas substâncias o propofol (1989), a procaína (1905), a dibucaína (1930, a tetracaína (1932), a lidocaína (1947), a cloroprocaína (1955), a mepivacaína (1957), a prilocaína (1960), a bupivacaína (1963), a ropivacaína e a levobupivacaína.

Referências:

http://super.abril.com.br/ciencia/eter-gas-hilariante-dois-dentistas-incrivel-historia-anestesia-444900.shtml

Clique para acessar o rezende-9788561673635-11.pdf

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-70942006000300010

Clique para acessar o hahuc.pdf

Clique para acessar o v52n6a15.pdf

http://www.brasilescola.com/quimica/teoria-flogistico.htm

http://www.brasilescola.com/quimica/descoberta-oxigenio.htm