PET-QUÍMICA Unesp Araraquara

Primavera Silenciosa: do retrospecto da autora à resenha da obra

Bruna Larissa Gama Cavalcante

 

Com o dom da palavra e da eloquência, Rachel Carson revolucionou a história ambiental do planeta, principalmente dos Estados Unidos, país onde nasceu e escreveu o último dos seus livros e também o mais polêmico, “Primavera Silenciosa” (Silent Spring).

 

A autora

Rachel Carson nasceu em Springdale, Pensilvânia, em 1907 e, sob a influência materna, acostumou-se a observar a natureza e seus encantos desde a infância. Formada em biologia na Faculdade da Pensilvânia para mulheres, R.C. [1] apaixonou-se pelo mar quando teve a oportunidade de estudar no Laboratório Biológico Marinho de Woods Hole, tornando-se, assim, uma bióloga marinha; mas que pRachel Carsonassou a escrever artigos para um jornal dos Estados Unidos, o Baltimore Sun, devido à falta de oportunidade na área das ciências para as mulheres, na década de 1930.

Nos anos seguintes, R.C. adquiriu experiência na escrita e juntou o que sabia fazer de melhor, escrever e ser bióloga marinha; assim, publicou três livros: “Beira-mar”, “O mar que nos cerca” e “Sob o mar-vento”, todos com o enfoque na sua especialidade, o mar. Estes livros a consagraram como uma das maiores escritoras da área das ciências nos Estados Unidos, pois a sua linguagem concisa e fácil de entender conquistou tanto os cientistas quanto os leigos que se interessavam pelo assunto.

Porém, a partir de janeiro de 1958, de alguma forma, tudo mudaria na sua vida. Nesta época, R.C. recebeu uma carta de sua amiga jornalista Olga Owens Huckins relatando a amarga experiência de ver seu quintal repleto de pássaros mortos devido a pulverizações aéreas de DDT [2]. E foi assim que despontou em R.C. a necessidade de escrever um livro sobre o que a afligia já há algum tempo, o uso indiscriminado de agrotóxicos em todo tipo de ambiente, seja este natural ou artificial.

A obra

Primavera Silenciosa surgiu a partir de extensas pesquisas durante quatro anos, contando com a colaboração de cientistas de diversos países. Lançado em setembro de 1962, provocou uma verdadeira reviravolta nos movimentos ambientalistas nos Estados Unidos e uma ira imensa por parte das indústrias químicas produtoras de inseticidas, herbicidas e fungicidas e os cientistas comprometidos com sua produção e pesquisa.

Este livro pode ser considerado uma compilação (ou metaforicamente, uma verdadeira “colcha de retalhos” muito bem concatenados) de inúmeros fatos históricos e pesquisas e seus resultados sobre as substâncias usadas como inseticidas e herbicidas nos Estados Unidos e em outras partes do gloLivro Primavera Silenciosabo a partir da década de 1940, ao que a autora chama de “Era dos venenos”. Além de registros, dentro da própria prosa, há diversas notas de opinião da autora, recheadas de ironias, desaprovações e indagações ao leitor.

Com uma metodologia alarmista e persuasiva, o livro começa com um relato de uma cidade harmoniosa, que ficou infestada por uma praga e que, de repente, uma série de acontecimentos cruéis com as pessoas, animais e vegetações ocorreu. Isto aconteceu porque houve a pulverização de veneno contra a praga que atingira a cidade. Ao final, R.C. diz que aquela cidade não é real, entretanto, cada acontecimento ali relatado ocorreu em alguma cidade dos Estados Unidos; enfim, o primeiro capítulo é a junção de todos os relatos descritos nos capítulos subsequentes.

À medida que se avança na leitura, é notável que o livro segue uma lógica. A preocupação que a autora tem de situar o leitor no tempo e no espaço e de explicar-lhe os termos das ciências e as substâncias químicas fica evidente logo nos primeiros capítulos. Desse modo, a cada capítulo lido, o leitor leva uma bagagem para compreender o capítulo seguinte. A exemplo, o terceiro capítulo, “Elixires da morte”, é totalmente reservado para descrever as substâncias químicas presentes em inseticidas os quais o livro tratará logo adiante. No capítulo, são apresentadas fórmulas estruturais de algumas substâncias, a história de algumas delas e suas propriedades. Do contrário, não faria sentido relatar a gravidade da situação se não houvesse uma explicação prévia dos efeitos dessas substâncias no ambiente e sua composição química.

Nos próximos capítulos, há inúmeros casos de como a pulverização de substâncias tóxicas afetaram negativamente diversos setores da natureza na tentativa de controlar os insetos e as plantas julgados daninhos. Esses setores são: as águas de rios e mares, os solos, a vegetação, a fauna silvestre e de criação, as águas subterrâneas e os seres humanos. Em todos esses relatos, R.C. deixa claro que não é expressamente contra esses métodos de controle de “pragas”, mas que achava completamente errado que fossem aplicados inseticidas e herbicidas sem saber ao certo o seu efeito sobre a natureza.

Primavera Silenciosa

Segundo o que diz a autora, quando eram feitas pesquisas para saber quais os efeitos das substâncias sobre os animais, elas eram feitas sob condições completamente artificiais e isoladas, em ambientes laboratoriais, muito diferentes dos ambientes encontrados em florestas e em fazendas. Todavia, movidas pelo capitalismo, as indústrias químicas investiam cada vez mais em pesquisas para sintetizar novas substâncias para matar os insetos e as plantas indesejados e não contavam que prejudicariam os setores da natureza já descritos de forma tão grave como traçado pela autora.

Apesar de escrito entre o final da década de 1950 e o início da de 1960, o livro Silent Spring permanece com uma contemporaneidade admirável, que se encaixa nos tempos modernos do século XXI de uma forma quase perfeita. “Quase” perfeita, porque o contexto atual é completamente distinto do contexto de há mais de 50 anos, como exemplo, há as constantes referências à radiação. Na época em que foi escrito, havia menos de 20 anos que a Segunda Guerra Mundial acabara, ainda estava fresca na memória das pessoas a destruição causada pela bomba nuclear lançada em Hiroshima e em Nagasaki e os efeitos da radiação. Além disso, os Estados Unidos passavam pela Guerra Fria e, desse modo, havia uma tensão política no país que levava à iminente ideia de ataques nucleares. Com essa situação, R.C. conseguia fazer analogias aos efeitos maléficos das substâncias tóxicas utilizadas e chamar a atenção de cientistas e interessados no assunto.

Ao final, são apresentados alguns meios naturais, alternativos e benéficos de combate de insetos, como o predatismo e o uso de quimioesterilizantes. Assim termina a obra que mudou o rumo da história, que fez surgir no EUA, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) e que levou à proibição do uso de DDT no EUA em 1972.

Por sua coragem, determinação e preocupação com o futuro, R.C. conquistou muitas premiações e honrarias por ter escrito a obra mais impactante no mundo científico em sua época. Prematuramente, na primavera de 1954, aos 56 anos, um câncer silenciou para sempre a mãe do ambientalismo moderno.

[1] – R.C.: Rachel Carson

[2] – DDT: dicloro-difenil-tricloroetano

Referências Bibliográficas:

http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/estante/livro-primavera-silenciosa-rachel-carson-ed-gaia-700826.shtml

http://www.revistaecologico.com.br/materia.php?id=42&secao=536&mat=565

http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2012/296/rachel-carson-ciencia-e-coragem

http://www.editoragaia.com.br/autores/busca-de-autores/?AutorID=3556

Torres, J. P. M.; Semente da ética ambiental. Ciência Hoje, vol. 46, n.º 275, out. 2010. Resenha, p. 76-77.

Carson, Rachel; Primavera Silenciosa [traduzido por Claudia Sant’Anna Martins]. 1.ed. São Paulo: Gaia, 2010.

E se o que sobra do seu café pudesse ser transformado em combustível?

Guilherme  Pires de Campos

No Brasil, como em outros países, o hábito de tomar café tem muitas vezes um caráter “ritualístico”. Uns tomam para relaxar, outros para se manter acordados e ativos, alguns para fazer uma pausa no trabalho, ente outro motivos. cafe1Como consequência disso, o Brasil consumiu cerca de 20,08 milhões de sacas de 60 kg de café no ano de 2013, o que resulta num consumo de 4,87 kg de café por habitante. Depois de feito, o que sobre do café (borra) até então era descartado por não ser mais útil.

Pesquisas recentes feitas pela USP mostram que a borra do café pode ser empregada para a produção de combustível, o qual pode produzir biodiesel suficiente para abastecer pequenas comunidades agrícolas.

A matéria prima utilizada na produção desse biodiesel são os óleos essenciais presentes na borra do café, a qual possuem de 11 a 20% de óleo. Segundo a pesquisa feita pela universidade, a partir de um quilo de borra de café é possível extrair até 100 mililitros de óleo, o que geraria cerca de 12 mililitros de biodiesel.

A produção desse biodiesel se dá pela retirada da umidade da borra de café e extração com etanol para retirar os óleos essenciais. Em seguida, o óleo extraído é colocado em contato com um catalisador alcalino, o qual é responsável pela transesterificação e se obtém o biodiesel.

cafe2    De forma mais detalhada, o pó de café é filtrado com água a 90°C (processo comum de preparo do café). Em seguida, a borra é transferida para um recipiente (vidro de relógio) e colocada para secar. Tendo-se retirado toda a umidade, preparam-se soluções da borra com etanol na proporção de 1:6, sob agitação lenta e constante por 2h. Em seguida a solução é passada para um funil de vidro, onde será possível observar a formação de duas fases (borra do café + óleo extraídos no etanol).

A transesterificação pode ser feita com dois catalisadores diferentes:

– Metóxido de sódio(MeONa): apresenta melhores resultados e não permite a formação de hidroxilas no processo, as quais realizam reação de saponificação com o óleo presente no meio reacional.

– Ácido sulfúrico (H2SO4): melhor catalisador ácido pelos testes realizados na pesquisa.

Com base na discussão feita pela pesquisadora, os resultados são satisfatórios quanto a obtenção do biodiesel. E a reação de transesterificação apresenta bons rendimentos em temperatura ambiente, tornando o processo mais simples e vantajoso economicamente.

Assim, uma pequena comunidade estaria possibilitada de produzir combustível para utilização em máquinas e equipamentos, reduzindo os gastos e utilizando uma matéria prima que é descartada diariamente.

 

 

Bibliografia

file:///C:/Users/Guilherme/Downloads/Denise_Dissertacao.pdf

http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=biodiesel-borra-cafe&id=010115110216#.U8K_QPniZMh

http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2014/02/consumo-de-cafe-no-brasil-registra-1-queda-em-10-anos-aponta-abic.html

 

 Tatuagens sob o ponto de vista químico

Stéphani Capeloci Visciglia

 

tatuagem1A Tabela Periódica dos elementos químicos é um arranjo que permite não só verificar as características dos elementos, mas também fazer previsões de como esses se comportam frente às reações. Os elementos da Família B da tabela são denominados Elementos de transição e são objetos de nosso estudo sobre as tatuagens.

Os elementos de transição possuem a propriedade de formar compostos coloridos, devido à presença de orbitais d para as transições eletrônicas que absorvem radiações na região visível do espectro. Também podem apresentar cor por causa da existência de orbitais parcialmente preenchidos, que permitem transições eletrônicas, responsáveis pela emissão luminosa. Os compostos dos elementos que apresentam todos os orbitais preenchidos (Zn, Cd e Hg) normalmente não são coloridos.

As tatuagens já existem há alguns anos, mas seu uso ultimamente se intensificou. Embora atualmente ainda ocorra discriminação, as tatuagens são vistas com naturalidade, principalmente pelo público jovem.

As tintas para tatuagem são compostas de pigmentos insolúveis em água veiculados com dióxido de titânio que são injetados na pele pelas agulhas. Por serem insolúveis, estes componentes permanecem em estado sólido na derme – camada profunda da pele – não sendo removidos pelos nossos sistemas de defesa. Originalmente, estes pigmentos consistiam de misturas de carvão – no caso da tinta preta – ou de sais inorgânicos principalmente de metais pesados como mercúrio, prata e chumbo – no caso das coloridas. A descoberta da toxicidade destes compostos fez a indústria de tintas buscar pigmentos orgânicos que pudessem ser utilizados com mesmo resultado. Embora não haja estudos completos sobre o toxicidade desses pigmentos, a ANVISA deu um prazo de até fevereiro de 2010 para que a indústrias façam o registro de suas tintas.

Abaixo alguns dos pigmentos orgânicos utilizados nas tintas modernas:

tatuagem2

A partir do superior esquerdo, em sentido horário, pigmentos azul, vermelho, verde e amarelo.

A localização do pigmento depende da idade da tatuagem. Durante os primeiros 15 dias após o procedimento, os pigmentos se concentram na interface derme-epiderme, abaixo da camada de queratinização/cicatrização. Parte do pigmento é perdido nestes processos. A recomendação de não arrancar a famosa casquinha existe, pois a retirada da mesma pode remover fisicamente o pigmento, dilacerando as camadas da derme abaixo da cicatrização.   Quando a tatuagem sara, o que leva cerca de quinze dias, a maior parte do pigmento se concentra nas várias camadas da derme.

Abaixo um corte histológico mostrando a localização do pigmento vermelho na derme:

tatuagem3

Os pigmentos insolúveis permanecem parte no interstício, nome dado ao meio externo às células, recobrindo os fibroblastos ou, ainda, endocitados por macrófagos e encapsulados em vacúolos intracelulares. As partículas de pigmento que permanecem na derme causam diminuição da produção de colágeno, o que pode estar associado a diversas complicações dermatológicas potencialmente causadas pela tatuagem. Além de encapsular as partículas de pigmento, os macrófagos têm a capacidade de metabolizá-los através do sistema citocromo P450, responsável pelo metabolismo dos chamados xeno-compostos, (substâncias estranhas e potencialmente danosas ao organismo), transformando-os em substâncias solúveis que podem ser eliminadas via circulação linfática. Portanto, quanto maior a proporção de pigmento endocitado por macrófagos, maior será a perda de coloração por metabolização do pigmento, já que parte deste será eliminado.

A escarificação da pele pela agulha, gera uma intensa reação inflamatória local, com repercussões sistêmicas, que leva ao recrutamento de macrófagos à derme sendo tatuada. Quanto mais longa a duração da seção de tatuagem, maior a reação inflamatória e mais macrófagos serão recrutados para o local. Daí a afirmação dos tatuadores de que a pele se torna “resistente” e ainda que “cospe” a tinta, deixando partes descoloridas no desenho.
Existem dois tipos de tatuagem:

Temporárias: são conhecidas como tatuagens de Hena, este nome provém da planta da qual é retirada a pigmentação: a Henna lausonia inermes (princípio ativo do corante é lausona (2-hidroxi-1,4-naftoquinona)1). Essa planta é originária da Índia e países do Oriente Médio, sua coloração natural é marrom ou ferrugem e não possui efeito tóxico. O risco está na adição de carbono e de substâncias contendo chumbo e mercúrio para obtenção da cor preta.

Definitivas: é preciso pensar muito antes de optar por este tipo de tatuagem, que como o próprio nome indica, é definitiva. Só existe uma forma de removê-la, que é através de laser: um processo doloroso e o resultado final não é muito satisfatório, pois no lugar da tatuagem fica uma cicatriz.

A técnica utilizada nas tatuagens permanentes consiste em introduzir na derme com o auxílio de agulhas, pigmentos que ficam retidos nas células da pele. As cores presentes nas tatuagens são provenientes de alguns produtos químicos. São sais de alguns elementos de transição.

tatuagem4

Os pigmentos mais comuns e suas cores específicas estão relacionados abaixo:

Pigmento                                                         Cor

Sulfeto de Mercúrio ………………………………………………..     Preto
Carbono (carvão)     ……………………………………………….     Preto
Sais de cádmio        ……………………………………………….     Amarelo ou vermelho
Sais de crômio         ……………………………………………….     Verde
Sais de ferro            …………………………………………………   Castanho, rosa e amarelo
Óxido de Titânio     …………………………………………………     Branco
Sais de cobalto     …………………………………………………..     Azul

A intoxicação por metais pesados ocorre quando eles são absorvidos pelo corpo humano e passam a substituir alguns metais necessários para nossas funções biológicas. É importante lembrar que a intoxicação se dá pela ingestão, ao longo da vida. Os metais pesados se depositam nos tecidos ósseos e gordurosos, não sendo eliminados com o passar do tempo.

Alguns metais pesados e seus efeitos:

Alumínio– Anemia por deficiência de ferro; intoxicação crônica.
Cádmio– Câncer de pulmões e próstata; lesão nos rins.
Chumbo– Saturnismo (cólicas abdominais, tremores, fraqueza muscular, lesão renal e cerebral).
Mercúrio– Intoxicação do sistema nervoso central.
Cobalto– Fibrose pulmonar (endurecimento do pulmão) que pode levar à morte.
Cromo– Asma (bronquite); câncer.

Titânio- câncer do trato respiratório.

A cada dia, temos técnicas mais aperfeiçoadas para a composição das tatuagens e imagens mais trabalhadas e coloridas. Todas as cores utilizadas são provenientes dos metais de transição, chamados metais pesados. Porém, apesar das concentrações dos metais pesados existentes serem muito baixas, não causando danos imediatos à saúde, é bom lembrar que os metais se acumulam ao longo da vida.

Referencias

http://www.brasilescola.com/quimica/tatuagens-sob-ponto-vista-quimico.htm

http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/7259210047457ee38aacde3fbc4c6735/Tatuaem+e+Piercing.pdf?MOD=AJPERES

http://www.mackenzie.com.br/fileadmin/Pesquisa/pibic/publicacoes/2011/pdf/qui/bianca_ligramante.pdf

Mercado de Trabalho

Mercado de Trabalho pt. I: Bacharel em Química

Pedro Augusto França de Souza

mt.bacha-1Este texto será dividido em três partes, iniciando-se pelo bacharel em Química (parte I), seguido do licenciado em Química (parte II) e finalizando com o engenheiro químico (parte III).

 Muitos têm a ideia do profissional em Química como um cientista que brinca com a matéria para criar. Mas, criar o que? Simplesmente tudo o que é feito pelo homem! Ou seja, sem os químicos, nada seria o mundo atual, a tecnologia que conhecemos e a medicina moderna, que salva milhares de vidas por dia. Porém, pouco se sabe sobre a área de atuação do químico, sobre o seu mercado de trabalho.

Antes de falar do mercado de trabalho é necessário conhecer primeiro um pouco do curso de Bacharelado em Química, que é dedicado à formação de profissionais capacitados para atuar em pesquisas tecnológicas e acadêmicas, no setor de produção e desenvolvimento industrial e em atividades relacionadas à educação superior. Há universidades que dão aos discentes a opção de fazer o curso de Bacharelado em Química Tecnológica, sendo que o seu objetivo é formar um profissional mais apto e com mais atribuições do que o bacharel em Química para trabalhar nas industrias.

Segundo o Conselho Regional de Química, o bacharel em Química tem 7 atribuições, sendo elas: (1) direção, supervisão e responsabilidade técnica; (2) assessoria, consultoria e comercialização; (3) perícia, serviços técnicos e laudos; (4) magistério; (5) desempenho de cargos e funções técnicas; (6) pesquisa e desenvolvimento e (7) análise Química e físico-química, padronização e controle de qualidade. Já o bacharel em Química Tecnológica tem 13 atribuições, que são todas as do bacharel em Química e: (8) produção, tratamentos de resíduos; (9) operação e manutenção de equipamentos; (10) controle de operações e processos; (11) pesquisa e desenvolvimento de processos industriais; (12) execução de projetos de processamento e (13) estudo de viabilidade técnico – econômica.

Vale ressaltar que o bacharel em Química Tecnológica não é mais completo que o bacharel em Química, mesmo tendo mais atribuições. A sua formação é direcionada para trabalhar em industrias, enquanto o que possui menos atribuições é mais voltado para trabalhar com pesquisa.

Portanto, o bacharel atua na indústria, em instituições de ensino e pesquisa, públicas ou privadas, e em órgãos públicos. As áreas de atuação são extremamente variadas: petroquímica, química fina, alimentos, papel e celulose, polímeros, materiais metálicos, fertilizantes, tintas, cosméticos, análise ambiental, tratamento de água, esgoto e saneamento, além de comercialização de produtos e equipamentos para a indústria química. Gestão da qualidade, gestão ambiental, empreendedorismo e técnicas e metodologias educacionais são especializações com boas oportunidades de trabalho.

mt.bach-2Para os que estão pensando em seguir carreira na área da indústria, aqui vai uma dica: um estudo feito pela Associação Brasileira de Química (Abiquim) mostra que até 2020 a indústria vai precisar de 200 mil a 300 mil profissionais formados em química. Além disso, o presidente executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo, dá um incentivo a m       ais para os amantes de química: “Eu diria para o estudantes que o mercado de trabalho em química é atraente, remunera muito bem e trata-se de uma ciência fantástica. Esta indústria vai ser a mais brilhante da década”.
Já para os que pretendem seguir a área de pesquisa devem obrigatoriamente cursar um doutorado. Para estes, também há espaço na iniciativa privada, além das universidades, tanto públicas como particulares, que contratam docentes via concurso. “O mercado para pesquisa está bastante aquecido. Empresas privadas cada vez mais investem no departamento de pesquisa e desenvolvimento. O campo de pesquisa nunca será explorado totalmente porque há muito para desenvolver”, afirma Karina Cardozo, formada em química e doutora em bioquímica pela Universidade de São Paulo (USP).

O piso salarial do químico é de R$ 3.270 para seis horas diárias de trabalho, e R$ 4.632,50 para oito horas, segundo o Conselho Regional (dados de 2011).

Referências:

http://www.crqv.org.br/php/index.php?link=4&sub=3

http://g1.globo.com/educacao/guia-de-carreiras/noticia/2011/07/guia-de-carreiras-quimica.html

http://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/ciencias-exatas-informatica/quimica-688125.shtml

http://ccnh.ufabc.edu.br/bachareladoquimica/

Sir Humphry Davy

Sir Humphry Davy

Leonardo Albino

Sir Humphry Davy foi um dos grandes químicos do inicio do século XIX, uma época em que a química estava nascendo como ciência. Com suas ideias liberais e românticas, Davy conseguiu crescer cientificamente e isolar cerca de seis elementos utilizando conceitos de eletroquímica. A seguir veremos um resumo da vida deste grande químico.

Nascido em Penzance, na Cornualha ao sudoeste da Inglaterra, no dia 17 de dezembro de 1778, filho de um carpinteiro e uma dona de casa, Humphry Davy foi o primeiro de cinco filhos. Humhpry cresceu numa época de transição, o Iluminismo estava em seu auge, uma nova filosofia que pregava a busca da razão. Juntamente começava a surgir o Romantismo, um movimento artístico que glorificava os sentimentos humanos. Talvez nenhum outro cientista da época tenha unido tão bem essas suas filosofias. Apaixonado pela química desde pequeno foi convidado pelo químico e físico inglês Dr. Thomas Beddoes para trabalhar na sua recém-formada instituição de pesquisa The Pneumatic Institution, em Bristol, que tinha a finalidade de tratar de doenças respiratórias, principalmente a tuberculose, com o uso de gases em 1798. Lá Davy começou sua carreira como químico.

Sendo um exímio pintor e poeta, Davy também chamou atenção dos pioneiros do Movimento Literário Romancista Britânico, conhecidos como Lake Poets: William Wordsworth, Samuel Taylor Coleridge e Robert Southey. Humphry Davy e os poetas românticos compartilhavam interesse pela poesia, no poder da natureza e numa certa substância que alterava o humor. Uma das substâncias estudadas por Davy era o Óxido Nitroso. Quando inalado produz uma suave depressão numa região do cérebro relacionada aos sentimentos e à autocensura.

ImagemA pessoa entra num estado de relaxamento e felicidade, podendo mesmo rir à toa ou chorar (ao que parece, mais rir do que chorar). Uma sensação parecida à de beber demais. Davy tinha o perigoso habito de testar em si mesmo os gases que estudava e, aspirando o gás, descobriu suas propriedades analgésicas. Não demorou muito para Davy convidar seus amigos e colegas de trabalho em sua casa em Bristol para usarem o “gás hilariante”. Em frente a uma bela paisagem no interior da Inglaterra Humphry Davy e seus amigos Lake Poets usavam o óxido nitroso para terem inspiração para escrever seus poemas românticos. Festas eram organizadas onde os convidados se deliciavam a inalar o famoso gás hilariante. Em seu livro “Researches, Chemical and Philosophical, chiefly concerning Nitrous Oxide and its Respiration”, publicado em 1800, por causa de suas propriedades analgésicas, Davy sugeriu que utilizassem como anestesia em cirurgias e operações médicas. Em 1844 o dentista de Connecticut, Horace Wells, usou o Óxido Nitroso para a extração de dentes, tornando o gás o primeiro anestésico químico.

Seu livro foi um sucesso no meio cientifico da época, aumentando sua fama. No dia 9 de março de 1801 Davy deixa Bristol e vai para Londres ocupando o cargo de Professor Assistente de Química da Royal Institution. Suas palestras pagas eram abertas ao público onde realizava uma série de demonstrações e experimentos. Explosões, mudanças de cor, precipitações eram a marca dos experimentos de Davy. Era uma divulgação da química como ciência para a sociedade britânica. O seu carisma curiosidade pelo espetacular fizeram dele um sucesso imediato, principalmente com as damas de Londres. Logo Davy era o químico mais famoso da Grã-Bretanha. Tornou-se Professor Titular em 1802, foi eleito um membro da Royal Society de Londres em 1803 e foi premiado com a medalha Copley em 1805.

A partir do inicio do século XIX, Davy interessou-se por eletricidade. Aplicando uma corrente elétrica em certas substâncias, ele conseguiu isolar elementos até então desconhecidos da ciência. Assim ele descobriu o Potássio e, utilizando a mesma técnica, tornou-se o primeiro a isolar vários elementos:

 

  • Sódio
  • Cálcio
  • Boro
  • Bário
  • Magnésio
  • Estrôncio

Além de ajudar a determinar o Cloro e o Iodo e realizar pesquisas com o Nitrogênio, Enxofre, Alumínio e Carbono. Mas, como ele mesmo dizia, sua maior descoberta foi uma pessoa: Michael Faraday.

Logo depois de ser nomeado Sir pelo Rei George III, Davy sofreu um acidente de laboratório, onde uma explosão do NCl3 cegou temporariamente, obrigando a procurar um ajudante. Há uns meses atrás tinha recebido um caderno de anotações de um rapaz pobre, que havia ganhado ingressos para assistir as palestras de Davy. Era Michael Faraday (1791-1867), que trabalhava como aprendiz de encadernação em uma livraria de Londres. Davy ficou surpreso de como um rapaz sem estudo poderia ter escrito aquilo e contratou o rapaz em 1813. Davy ainda não sabia, mas Faraday tornar-se-ia um revolucionário da ciência, um grande físico e químico que se sobrepôs ao mestre.

davy2Em 1818 foi agraciado com o título de Barão e nomeado Presidente da Royal Society em 1820. Em 1826 ganhou mais um prêmio, a Royal Medal pelo desenvolvimento da eletroquímica. Presidiu a Royal Society até 1827, renunciando o cargo devido a problemas de saúde, sendo substituído pelo colega Davies Gilbert. Mas anos de intoxicação química foram demais para Davy. Mudou-se para Roma para procurar tratamento e acabou falecendo em Genebra, na Suíça em 29 de Maio de 1829, aos cinquenta anos, para a comoção do mundo cientifico. Em sua homenagem, em 1877 foi criado a Medalha Davy pela Royal Society, para premiar uma descoberta recente excepcionalmente importante em qualquer ramo da química.

Sir Humphry Davy foi um grande propagador da ciência química. Apesar de nunca ser formado numa universidade, Davy mostrou que com seu trabalho poderia alcançar o alto escalão cientifico da época. Em uma época em que novos pensamentos e filosofias apontavam na Europa e no mundo (Romantismo, Revolução Industrial, Revolução Francesa e Guerras Napoleônicas) Davy representou esses ideais de transição, sendo inovador e original. Como bom romântico faleceu ainda jovem devido a sequelas de inalar diferentes gases durante sua vida.

Referências:

Livros

de FARIAS, R. F.; Para gostar de ler a história da química. Vol. 2. ed. Átomo. Campinas, SP. p. 41-43.

LEICESTER, H. M.; The Historical background of Chemistry. Dover Publications, Inc. New York, NY. p. 161-222

WEEKS, M. E.; LEICESTER, H. M.; Discovery of the Elements. ed. 7.  Journal of Chemical Education. Easton, Pa. 1968.

ASIMOV, I.; Cronologia das Ciências e das Descobertas. Civilização Brasileira S.A. Rio de Janeiro, RJ. p. 375-493. 1993.

KENDALL, J.; Young chemists an Great discoveries. Strangeways Press Limited, Printers, London. p. 1-88

IHDE, A. J.; The Development of Modern Chemistry. Dover Publications, Inc. New York, NY. p. 161-222.

PARIS, J. A.; The life of Sir Humphry Davy, bart., LL.D.. vol. I. Londres. H. Colburn an R. Bentley. 1831. p-1-547.

 

Documentários

Chemistry: a Volatile History. Episode I: Discovering the Elements. Apresentador: Professor Jim Al-Khalili. Diretor: Jon Stephens. Documentário. 58’42’’. BBC.

Shock and Awe: The Story of Electricity. Episode I: Spark. Apresentador: Professor Jim Al-Khalili. Diretor: Tim Usborne. Documentário. 59’20’’. BBC.

The Story of Science: Power, Proof and Passion. Episode II: What is the World Made of ?. Apresentador: Michael Mosley. Diretor: Nat Sharman. Documentário. 58’47’’. BBC.

Epigenética

Você já ouviu falar em Epigenética?

epigenética1

Laura Vilar

 

Epigenética é uma área da biologia que estuda todas as mudanças reversíveis e herdáveis nas funções dos genes do DNA que não modificam a sequência primária de nucleotídeos (adenina, guanina, citosina e timina). epigenética2Inclui o estudo de como os padrões de expressão são passados para os descendentes e como a influência do ambiente pode alterar a maneira como os genes serão expressos.  A pesquisa na área da epigenética alcança implicações importantes na biologia, como o entendimento sobre células tronco, câncer e envelhecimento.

Os mecanismos epigenéticos envolvem modificações químicas do próprio DNA, ou modificações das proteínas que estão associadas a ele, mas sem alterar a sequência nucleotídica do DNA correspondente. Como exemplo de mecanismo, tem-se a metilação, que ocorre durante o empacotamentodo DNA, (parte do DNA é desempacotado para a produção de
determinadas proteínas). A metilação é o processo de adição de um grupo metila (-CH3) tanto na molécula de DNA como nas histonas (proteínas responsáveis pelo empacotamento) e está relacionado com o silenciamento de diversos genes que não precisam ser expressos.

Se o padrão de metilação do organismo for alterado por agente externos, como exemplo, agentes químicos, um novo padepigenética3rão de metilação do DNA será formado, podendo implicar consequências significativas na saúde do organismo, já que genes antes silenciados poderão ser ativados. Isso indica que o organismo pode ajustar a expressão genética de acordo com as condições do meio em que vivesem alterar o genoma. Além disso, o novo padrão epigenético formado poderá ser passado para as gerações futuras. Como exemplo, estudos revelam que filhos e netos de famílias que tiveram graves escassez de alimento, possuem maiores riscos de doenças cardiovasculares e diabetes.

epigenética4Outro exemplo envolvendo a epigenética é o caso dos gêmeos idênticos. Uma série de estudos mostram que os gêmeos têm diferentes níveis de sintomas relacionados a depressão e ansiedade, e também apresentam diferenças em seu comportamento   e fisiologia, indicando que as diferentes condições ambientais que foram submetidos são responsáveis pela expressão de fenótipos diferenciados para um mesmo genótipo.

As diferenças epigenéticas entre os organismos que vivem sob diferentes condições ambientais, também levam a diferentes susceptibilidades a doenças como o câncer. O câncer desenvolve-se quando células tornam-se anormais e começam a crescer sem controle.  Pode ser originado de mutações na sequência de DNA das células ou ter um epigenoma.  Neste último caso, alguns genes são despertados e outros são silenciados frequentemente nas mesmas células.

epigenética5O estudo da epgenética traz contribuições relevantes para a medicina, como exemplo, atualmente pesquisadores buscam por drogas que podem mudar o perfil epigenético das células do câncer. Outro ponto é a identificação das diferenças nos padrões de metilação, isto  irá melhorar a compreensão sobre o genoma e irá auxiliar no diagnóstico de doenças. Além do mais, surge a possibilidade de identificar biomarcadores que permitirão a identificação da população mais vulnerável a desenvolver doenças como câncer, infarto, pressão alta ou transtornos mentais.

O estudo da epigenética vai possibilitar um avanço na compreensão da relação ambiente e genoma, uma vez que vai mostrar que o ambiente social no qual uma pessoa está inserida é capaz de modular o funcionamento dos seus genes, influenciando no padrão de expressão deles.  Portanto, irá ajudar a combater o determinismo genético, aquela ideia que acredita que os organismos são inteiramente determinados por seus genomas. Por exemplo: se você nasce com genes saudáveis você será sempre saudável, desconsiderando o contexto social. Isso pode levar as pessoas a tomarem decisões mais conscientes, avaliando as consequências de suas atitudes para o futuro uma vez que mostra que temos controle enquanto pais, enquanto formuladores de políticas públicas.

 

Referências:

http://revistacarbono.com/artigos/03-epigenetica-e-memoria-celular-marcelofantappie/

http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=30541

http://www.biomedicinapadrao.com/2011/10/epigenetica.html

http://agencia.fapesp.br/16965

Alimentos funcionais

Jéssica Coco

 

alimen1 Com o surgimento no Japão nos anos 80, por meio de um programa de governo que tinha como objetivo desenvolver alimentos saudáveis para uma população que envelhecia e apresentava uma grande expectativa de vida, os funcionais japoneses, conhecidos como FOSHU “Foods for Specified Health Use”, sustentam um selo de aprovação no Ministério da Saúde e Bem Estar.

A lei japonesa foi elaborada em junho de 1997, mas não é a única atualmente. Hoje, vários países contam com uma legislação específica. No Brasil, as regras foram instituídas a partir de 1999.

A preocupação em consumir alimentos que forneciam benefícios à saúde e que ainda possuíam valores nutritivos que podiam reduzir os riscos de doença é histórica. Hipócrates há cerca de 2500 anos já pregava isso em uma de suas célebres frases que dizia: “faça do alimento o seu medicamento”. No entanto, na década de 90, é que de fato houve um interesse significativo por esse assunto e o termo “alimento funcional” foi adotado.

Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Segurança Alimentar), alimento funcional é definido como aquele “alimento ou ingrediente que, além das funções nutricionais básicas, quando  consumido, como parte de uma dieta habitual, produz efeitos benéficos a saúde”. Por exemplo: soja (reduz o colesterol ruim e diminui o efeito da menopausa), alho (diminui a pressão arterial), tomate e goiaba (diminui o risco de câncer de próstata).

Esses alimentos podem ser classificados de duas formas: quanto à fonte, que pode ser de origem vegetal ou animal, ou quanto aos alimen2benefícios que oferecem, atuando em seis áreas do organismo, as quais são, o sistema gastrointestinal, cardiovascular; no crescimento, desenvolvimento e diferenciação celular; no comportamento das funções fisiológicas e como antioxidantes.

Por meio de pesquisas foi possível comprovar que alguns tipos de câncer estão diretamente correlacionados com maus hábitos alimentares. Um exemplo disso é o risco do desenvolvimento do câncer de mama, o qual está entre o de maior incidência entre o sexo feminino.

O mesmo pode ser reduzido a partir da ingestão contínua de alguns alimentos do tipo funcionais. Segundo a nutricionista, Flávia Sguario, em entrevista pela revista Hospitais Brasil, afirma que mulheres que consomem de 25 a 30 gramas de fibras, diariamente, têm 30% a menos de chances de evoluir a doença e que, além disso, as fibras melhoram o funcionamento intestinal, reduzem os riscos de doenças, a taxa de açúcar no sangue, colesterol e triglicerídeos.

A importância para a saúde do uso destes alimentos verifica-se no Brasil pelo fato de que os brasileiros enfrentam um avanço das doenças crônicas degenerativas por conta de um estilo de vida desequilibrado que envolve maus hábitos alimentares e sedentarismo. Sendo assim, o consumo regular desses alimentos pode ser uma alternativa para conter o avanço dessas doenças e conscientizar a população que a alimentação tem um papel fundamental sobre a saúde.

Referências

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/220_alimentos_funcionais.html   http://www.anutricionista.com/alimentos-funcionaishistorico-e-beneficios.html

http://www.fmv.utl.pt/spcv/PDF/pdf3_2002/componentes.pdf

http://www.revistahospitaisbrasil.com.br/noticias/alimentos-funcionais-podem-minimizar-riscos-do-cancer-de-mama/

Buracos Negros

Buracos Negros

Iris Teixeira

buraco2O que exatamente é um buraco negro? Eles realmente existem? O que sabemos é que por anos eles têm permeado nossa imaginação, sendo presença constante em filmes de ficção científica pelo mundo afora. Mas sabemos o que eles realmente são?

Um buraco negro é o que resta quando uma grande estrela morre. Quando uma estrela morre as reações de fusão nuclear param, porque o combustível pra elas termina. Ao mesmo tempo a gravidade puxa a matéria pra dentro e comprime o núcleo. É como se uma estrela cerca de dez vezes maior que o sol ficasse comprimida em um espaço muito menor, do tamanho da cidade de São Paulo, aproximadamente. Como o núcleo se comprime e consequentemente, se aquece, uma explosão de supernova é criada onde a matéria e a radiação são explodidas para o espaço. O que resta é o núcleo altamente comprimido e extremamente maciço. Como resultado há um campo gravitacional tão forte que nada, nem mesmo a luz, pode escapar.

Como a gravidade do núcleo é muito forte, ele “afunda” através do tecido do espaço-tempo, criando um buraco nele: é por isso que o objeto formado é chamado de buraco negro. Essa teoria tem origem na Teoria da Relatividade, de Einstein. As equações propostas pelo cientista mostravam que se a massa do núcleo resultante da explosão fosse cerca de três vezes maior que a do sol, a gravidade iria superar todas as outras forças, e um buraco negro seria formado.buraco1

Os cientistas não conseguem visualizar diretamente um buraco negro com as técnicas usuais, com telescópios que detectam raio x ou outras formas de radiações eletromagnéticas. Uma maneira de se detectar a presença de um buraco negro é pela distorção que eles causam na matéria por perto. São procuradas estrelas ou discos de gás que se comportam como se houvesse uma grande massa nas proximidades, girando ou com um movimento de oscilação, e a causa para esse movimento não consegue ser vista. São feitas medidas do movimento desses objetos, e assim pode ser calculada a massa do objeto desconhecido. Se a massa for superior a massa de dez sóis (grande demais pra ser uma estrela de nêutrons[1]), infere-se a presença de um buraco negro no local.

Um fato curioso sobre os buracos negros, e ainda um mistério na ciência, é que eles parecem existir em duas escalas de tamanho radicalmente diferentes. Espalhados pelo universo há diversos buracos negros chamados de stellar mass, que possuem massa de 10 a 24 vezes a do Sol. Por outro lado há os chamados supermassive black holes, que são milhões, senão bilhões de vezes mais pesados que o Sol. Os astrônomos acreditam que os supermassive black holes estão no centro de quase todas as galáxias, incluindo a Via Láctea. Há alguns estudos sobre buracos negros de tamanho intermediário, onde se supõe que eles se juntam para formar os grandes buracos negros existentes no centro das galáxias.

[1]Estrela de nêutrons: corpo celeste supermassivo, ultracompacto e com gravidade extremamente alta. É um dos estágios finais da vida de uma estrela, criada quando uma estrela esgota sua energia nuclear e passa por uma explosão de supernova.

Referências:

http://science.nasa.gov/astrophysics/focus-areas/black-holes/ Acesso em 28/05/2014

http://science.howstuffworks.com/dictionary/astronomy-terms/black-hole4.htm Acesso em 28/05/2014